Covid-19: Estados Unidos começaram a testar vacina em humanos - TVI

Covid-19: Estados Unidos começaram a testar vacina em humanos

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  • 16 mar 2020, 19:37

Vacina chama-se RNA-1273 e foi desenvolvida por cientistas do Instituto Nacional de Alergias e Doenças, subsidiário do Instituto Nacional de Saúde, e por uma empresa de biotecnologia

Os Estados Unidos começaram, esta segunda-feira, a testar em humanos uma vacina que proteja as pessoas do contágio pelo novo coronavírus que causou a pandemia de Covid-19, anunciou o Instituto Nacional de Saúde norte-americano.

Segundo o organismo estatal de saúde dos EUA, especialistas administraram uma vacina ao primeiro de 45 voluntários, todos adultos saudáveis, com idades entre os 18 e os 55 anos, que participarão nesta investigação, nas próximas seis semanas.

“A fase 1 do ensaio clínico para avaliar uma vacina em investigação projetada para a doença de coronavírus 2019 (COVID-19) começou no Instituto de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente Washington em Seattle”, disse o Instituto, que financia este projeto, em comunicado.

A vacina chama-se RNA-1273 e foi desenvolvida por cientistas do Instituto Nacional de Alergias e Doenças, subsidiário do Instituto Nacional de Saúde, e por uma empresa de biotecnologia.

O diretor do Instituto de Alergias e Doenças, Anthony Fauci, explicou na nota hoje divulgada que “encontrar uma vacina segura e eficaz para prevenir a infeção por SARS-CoV-2 é uma prioridade urgente da saúde pública”.

Atualmente, não há qualquer vacina aprovada pelas autoridades de saúde para prevenir a infeção do novo coronavírus.

O RNA-1273 foi desenvolvido usando uma plataforma genética chamada mRNA (RNA mensageiro), que é o ácido ribonucleico que transfere o código genético do ADN do núcleo da célula.

A vacina instrui as células do corpo a expressarem uma proteína viral que se espera suscite uma forte resposta imune.

Segundo os investigadores, a vacina experimental teve resultados promissores em modelos animais e esta é a primeira vez que foi testada em seres humanos.

Os cientistas conseguiram desenvolver a vacina graças a estudos anteriores sobre os coronavírus que causaram as epidemias de SARS e MERS no passado.

Os cientistas já estavam a trabalhar numa vacina contra o MERS, que serviu como ponto de partida para a experiência atual.

Assim que os investigadores tiveram as informações genéticas sobre o SARS-CoV-2, foram capazes de selecionar rapidamente uma sequência para expressar a proteína estabilizada da ponta do vírus na plataforma de mRNA.

Bruxelas disponibiliza 80 ME para laboratório alemão que testa vacina

A Comissão Europeia anunciou hoje que vai disponibilizar até 80 milhões de euros ao laboratório alemão que está a trabalhar numa potencial vacina para o novo coronavírus, após uma alegada oferta da administração norte-americana, desmentida pela biofarmacêutica.

“A Comissão disponibilizou hoje um apoio financeiro de até 80 milhões de euros à CureVac, uma empresa inovadora de Tübingen, na Alemanha, para amplificar o desenvolvimento e produção de uma vacina contra o novo coronavírus na Europa”, informa o executivo comunitário em comunicado.

A instituição liderada por Ursula von der Leyen explica que este apoio é dado sob a forma de uma garantia da União Europeia (UE) a um empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) neste valor, no âmbito do mecanismo de financiamento de doenças infecciosas InnovFin e do programa comunitário para a investigação Horizonte 2020.

“Nesta crise de saúde pública, é de extrema importância apoiarmos os nossos principais investigadores e empresas de tecnologia. Estamos determinados a fornecer à CureVac o financiamento necessário para aumentar rapidamente o desenvolvimento e a produção de uma vacina contra o novo coronavírus”, sublinha Ursula von der Leyen, citada pela nota de imprensa.

A responsável adianta: “Estou orgulhosa por termos empresas líderes como a CureVac na UE. A casa deles é aqui, mas as suas vacinas beneficiarão todos, na Europa e fora”.

A informação foi divulgada depois de, também hoje, a CureVac ter negado haver recebido uma oferta do Governo dos EUA para reservar a sua descoberta para os norte-americanos.

"CureVac não recebeu uma oferta do Governo dos Estados Unidos"

No domingo, o jornal alemão Welt am Sonntag citava fontes não identificadas do Governo alemão que asseguravam que o dono da CureVac, uma empresa farmacêutica, tinha participado numa reunião com o Presidente Donald Trump, no início do mês, tendo recebido uma generosa oferta para garantir o seu trabalho em exclusivo para os Estados Unidos.

O jornal dizia ainda que a chanceler alemã, Angela Merkel, estaria a disputar com a empresa a necessidade de a vacina, quando estiver pronta, ser igualmente utilizada na Europa, que é neste momento o principal foco da pandemia.

“Para que fique claro sobre o coronavírus: a CureVac não recebeu uma oferta do Governo dos Estados Unidos ou de entidades com ele relacionadas, antes, durante ou desde a reunião com a ‘task-force’ da Casa Branca, no dia 2 de março”, escreveu hoje o diretor do laboratório alemão, na conta da empresa na rede social Twitter.

O diretor de operações da CureVac, Hans Werner Haas, disse ao jornal Tagesspiegel que a sua empresa tinha realmente participado numa reunião com o Presidente Donald Trump, mas desmentiu a versão de uma qualquer oferta para a compra dos direitos do novo produto.

O embaixador dos Estados Unidos na Alemanha, Richard Grenell, também usou a rede social Twitter para desmentir a versão do jornal Welt am Sonntag.

Antes destas mensagens no Twitter, Helge Braun, chefe da casa civil da chanceler Angela Merkel, disse ao jornal diário Bild que as autoridades alemãs tiveram um “contacto muito intenso com a CureVac, nas duas últimas semanas”, quando havia intenções de negociação com os Estados Unidos.

Helge Braun disse que a empresa obterá todo o apoio para desenvolver uma vacina o mais depressa possível.

Por seu lado, o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, afirmou que tinha ouvido “repetidamente da boca de membros do Governo” que era verdadeira a versão do interesse do Governo norte-americano.

Já o ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, vincou que “a Alemanha não está à venda”.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com quase 60 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.

A Itália com 2.158 mortos (em 27.980 casos), a Espanha com 309 mortos (9.191 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.

Portugal tinha até hoje 331 pessoas infetadas e uma morte causada pelo Covid-19.

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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