Logan Gomes, o bebé português que nasceu morto depois do inferno na Torre Grenfell - TVI

Logan Gomes, o bebé português que nasceu morto depois do inferno na Torre Grenfell

  • CLC com Lusa
  • 21 mai 2018, 14:44

Mãe estava grávida ficou intoxicada na sequência do incêndio. A criança acabou por ser dada como morta, um mês antes de nascer

Logan Gomes, o bebé nascido morto na sequência do incêndio na Torre Grenfell, em Londres, em 14 de junho de 2017, foi hoje recordado pelos pais na abertura do inquérito oficial ao desastre que vitimou 72 pessoas.

Num testemunho emocionado, o pai, o português Márcio Gomes, garantiu que o filho "estará sempre connosco", ao mesmo tempo que foram projetadas num ecrã gigante uma ecografia e fotografias de vários momentos da família, incluindo do funeral de Logan.

A homenagem foi feita esta amanhã, numa sessão dedicada a lembrar pela voz de familiares e amigos as vítimas do incêndio, considerado o mais grave num edifício de habitação no Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial.

O casal de portugueses vivia no 21.º andar com duas filhas menores, tendo conseguido escapar com vida ao descer as escadas, mas Andreia Gomes e uma das filhas ficaram gravemente intoxicadas devido à inalação de fumo e foram hospitalizadas durante vários dias.

O nascimento de Logan Gomes estava previsto para 21 de agosto de 2017, mas foi dado oficialmente como nado morto a 14 de junho e considerado pelas autoridades uma das vítimas do incêndio.

Márcio Gomes referiu como o filho era bastante aguardado pela família e que, por ser um menino, queria partilhar com ele as paixões por jogos de consola e pelo futebol, pretendendo fazer dele um adepto dos seus clubes de eleição, Benfica e Liverpool.

Ao mostrar fotografias do bebé vestido antes do funeral, confiou: "Ele parecia estar a dormir. Pelo menos pudemos abraçá-lo e estar com ele".

Em declarações à agência Lusa, Andreia Gomes considerou "uma ideia brilhante" as homenagens às vítimas na abertura do inquérito hoje numa sala de um hotel em Londres.

"Não é apenas associar as caras à tragédia. Todos tinham uma história e para fazer justiça temos de saber quem eram e como eram eles", afirmou.

Sobre o resultado do inquérito, espera que "seja feita justiça ao sofrimento daqueles que morreram e daqueles que perderam os seus próximos", identificando as pessoas e as causas que contribuíram para que o incêndio fosse tão devastador.

As homenagens às vítimas, que esta manhã também incluíram Denis Murphy e Mohamed Amied Ned, vão prolongar-se durante vários dias, seguindo-se as audiências com testemunhas e especialistas.

O inquérito vai examinar as circunstâncias que deram origem ou relacionadas com o incêndio da Torre Grenfell, procurando estabelecer os factos e identificar recomendações para evitar que uma tragédia semelhante volte a acontecer.

Os procedimentos serão conduzidos pelo juiz aposentado Martin Moore-Bick, que vai analisar documentos e escutar testemunhos para, no final, produzir um relatório que será entregue ao governo, eventualmente no final deste ano.

O incêndio na Torre Grenfell terá começado pelas pouco antes da uma da manhã num frigorifico defeituoso e alastrado aos pisos superiores devido ao revestimento inflamável.

Entre os sobreviventes encontram-se outros seis portugueses, Miguel e Fátima Alves e os dois filhos, que viviam no 14.º andar, e outros dois amigos portugueses, residentes no mesmo andar mas num apartamento vizinho.

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