Juan Guaidó declara-se presidente interino da Venezuela - TVI

Juan Guaidó declara-se presidente interino da Venezuela

  • JFP
  • 23 jan 2019, 17:58

Acontece numa altura em que decorrem manifestações violentas contra o governo de Nicolás Maduro. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu o titular da Assembleia Nacional da Venezuela como “presidente interino”, tal como já fizeram o Canadá, o Paraguai, Brasil, Colômbia, Peru, Equador e Costa Rica

Numa altura em que decorrem manifestações violentas contra o governo de Nicolás Maduro, Juan Guaidó, o novo líder da assembleia nacional detida pela oposição, prestou juramento para se declarar Presidente interino da Venezuela.

Levantemos a mão, hoje 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação (da Presidência da República), um governo de transição e eleições livres", afirmou perante os milhares de opositores ao regime de Maduro.

Juan Guaidó começou por fazer referência a vários artigos da Carta Magna venezuelana e fez os manifestantes jurarem comprometer-se em "restabelecer a Constituição da Venezuela".

Hoje, dou um passo com vocês, entendo que estamos numa ditadura", disse vincando saber que a sua autoproclamação "terá consequências".

Por outro lado, dirigiu-se ao Presidente Nicolás Maduro, sublinhando que "aos que estão a usurpar o poder, digo, com o grito de toda a Venezuela: vamos insistir até que regresse a água e o gás, até que os nossos filhos regressem, até conseguir a liberdade".

Segundo Juan Guaidó "não se trata de fazer nada paralelo", afirmando que tem “o apoio da gente nas ruas".

Esta quarta-feira, dezenas de milhares de venezuelanos voltaram a sair às ruas para se manifestarem contra o governo de Nicolás Maduro.

Os opositores do presidente venezuelanos encheram as ruas da capital Caracas na esperança de conseguir inverter o caminho que, acreditam, vai levar a Venezuela ao autoritarismo e ruína económica.

As marchas desta quarta-feira seguem-se a duas noites de conflitos violentos no país, uma das quais resultou em pelo menos quatro mortes e vários feridos.

Na noite de terça-feira, durante os protestos contra o presidente eleito a 11 de janeiro, registaram-se quatro mortes e cinco feridos. Uma das mortes foi em Caracas e três no Estado venezuelano de Bolívar, anunciou esta quarta-feira uma organização não-governamental.

No centro de Caracas a polícia intervém com tanques de água e carros armados.

Além da capital, outros protestos foram agendados para esta quarta-feira, com o objetivo de denunciar a eleição de Nicolás Maduro.

Em Maturín, no estado de Monagas, os manifestantes incendiaram o edifício do Partido Socialista Unido da Venezuela, o partido de Maduro, agora no poder.

As manifestações vão além fronteiras e chegaram a alguns países onde se instalaram emigrantes e ex-emigrantes na Venezuela: Portugal é um deles, mais propriamente na cidade do Funchal, na Madeira.

Algumas centenas de pessoas, na maioria emigrantes e ex-emigrantes na Venezuela, estão esta quarta-feira concentradas no Largo do Município, no centro no Funchal, numa manifestação contra o governo do Presidente Nicolás Maduro, que decorre simultaneamente em diversas cidades do mundo.

Comunidade internacional reconhece Juan Guaidó como “presidente interino”

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu o titular da Assembleia Nacional da Venezuela como “presidente interino” do país sul-americano, uma decisão destinada a aumentar a pressão contra o Governo de Nicolas Maduro.

Hoje, reconheço oficialmente o presidente da Assembleia nacional venezuelana, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela”, indicou Trump num comunicado.

Previamente, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciava ter ordenado "uma revisão total" das relações com os Estados Unidos.

Este anúncio surgiu depois de o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, declarar apoiar Juan Guaidó, e manifestar que vai estar ao lado do povo venezuelano até que seja restituída a democracia no país.

Decidi e dei a ordem ao ministro de Relações Exteriores, Jorge Rodríguez, para iniciar uma revisão total, absoluta, das relações com o Governo dos Estado Unidos e nas próximas horas tomaremos decisões" de caráter político e de defesa da Constituição, declarou Maduro.

Também o Canadá diz vir a reconhecer Guaidó como presidente interino. Foi o segundo país a fazer as declarações.

Também o Paraguai, Brasil, Colômbia, Peru, Equador e Costa Rica mostraram-se do lado da oposição de Nicolás Maduro.

OEA reconhece Guaidó

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, felicitou Juan Guaidó.

As nossas felicitações a Juan Guaidó, o Presidente em exercício da Venezuela. Ele tem todo o nosso reconhecimento para impulsionar o regresso da democracia ao país”, escreveu Almagro na rede social Twitter, a partir de Washington, onde a OEA está sediada, depois de já ter há alguns dias anunciado que o considerava o “Presidente interino” da Venezuela.

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