Numa altura em que decorrem manifestações violentas contra o governo de Nicolás Maduro, Juan Guaidó, o novo líder da assembleia nacional detida pela oposição, prestou juramento para se declarar Presidente interino da Venezuela.
Levantemos a mão, hoje 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação (da Presidência da República), um governo de transição e eleições livres", afirmou perante os milhares de opositores ao regime de Maduro.
Juan Guaidó começou por fazer referência a vários artigos da Carta Magna venezuelana e fez os manifestantes jurarem comprometer-se em "restabelecer a Constituição da Venezuela".
Hoje, dou um passo com vocês, entendo que estamos numa ditadura", disse vincando saber que a sua autoproclamação "terá consequências".
Por outro lado, dirigiu-se ao Presidente Nicolás Maduro, sublinhando que "aos que estão a usurpar o poder, digo, com o grito de toda a Venezuela: vamos insistir até que regresse a água e o gás, até que os nossos filhos regressem, até conseguir a liberdade".
Segundo Juan Guaidó "não se trata de fazer nada paralelo", afirmando que tem “o apoio da gente nas ruas".
Esta quarta-feira, dezenas de milhares de venezuelanos voltaram a sair às ruas para se manifestarem contra o governo de Nicolás Maduro.
Os opositores do presidente venezuelanos encheram as ruas da capital Caracas na esperança de conseguir inverter o caminho que, acreditam, vai levar a Venezuela ao autoritarismo e ruína económica.
As marchas desta quarta-feira seguem-se a duas noites de conflitos violentos no país, uma das quais resultou em pelo menos quatro mortes e vários feridos.
Na noite de terça-feira, durante os protestos contra o presidente eleito a 11 de janeiro, registaram-se quatro mortes e cinco feridos. Uma das mortes foi em Caracas e três no Estado venezuelano de Bolívar, anunciou esta quarta-feira uma organização não-governamental.
No centro de Caracas a polícia intervém com tanques de água e carros armados.
Além da capital, outros protestos foram agendados para esta quarta-feira, com o objetivo de denunciar a eleição de Nicolás Maduro.
Em Maturín, no estado de Monagas, os manifestantes incendiaram o edifício do Partido Socialista Unido da Venezuela, o partido de Maduro, agora no poder.
Queman sede de psuv #Maturin Edo Monagas #23DeEnero
— Cristian Crespo F. (@cristiancrespoj) January 23, 2019
cc. @dcabellor pic.twitter.com/ElCHRWoOfe
As manifestações vão além fronteiras e chegaram a alguns países onde se instalaram emigrantes e ex-emigrantes na Venezuela: Portugal é um deles, mais propriamente na cidade do Funchal, na Madeira.
Algumas centenas de pessoas, na maioria emigrantes e ex-emigrantes na Venezuela, estão esta quarta-feira concentradas no Largo do Município, no centro no Funchal, numa manifestação contra o governo do Presidente Nicolás Maduro, que decorre simultaneamente em diversas cidades do mundo.
Comunidade internacional reconhece Juan Guaidó como “presidente interino”
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu o titular da Assembleia Nacional da Venezuela como “presidente interino” do país sul-americano, uma decisão destinada a aumentar a pressão contra o Governo de Nicolas Maduro.
President @realDonaldTrump has officially recognized the President of the Venezuelan National Assembly, Juan Guaido, as the Interim President of Venezuela.
— The White House (@WhiteHouse) January 23, 2019
Hoje, reconheço oficialmente o presidente da Assembleia nacional venezuelana, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela”, indicou Trump num comunicado.
Previamente, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciava ter ordenado "uma revisão total" das relações com os Estados Unidos.
Este anúncio surgiu depois de o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, declarar apoiar Juan Guaidó, e manifestar que vai estar ao lado do povo venezuelano até que seja restituída a democracia no país.
Decidi e dei a ordem ao ministro de Relações Exteriores, Jorge Rodríguez, para iniciar uma revisão total, absoluta, das relações com o Governo dos Estado Unidos e nas próximas horas tomaremos decisões" de caráter político e de defesa da Constituição, declarou Maduro.
Também o Canadá diz vir a reconhecer Guaidó como presidente interino. Foi o segundo país a fazer as declarações.
BREAKING: Global Affairs Canada tells CBC News that Canada will recognize Juan Guaido as the new president of Venezuela. The opposition leader took an oath in Caracas a short time ago, declaring himself acting president and saying Nicolas Maduro has been deposed.
— CBC News Alerts (@CBCAlerts) January 23, 2019
Também o Paraguai, Brasil, Colômbia, Peru, Equador e Costa Rica mostraram-se do lado da oposição de Nicolás Maduro.
Venezuela: pic.twitter.com/PC2ezDhld1
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) January 23, 2019
Paraguay expresa su apoyo al presidente encargado de Venezuela @jguaido Cuenten con nosotros para abrazar de nuevo la libertad y la democracia.
— Marito Abdo (@MaritoAbdo) January 23, 2019
OEA reconhece Guaidó
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, felicitou Juan Guaidó.
As nossas felicitações a Juan Guaidó, o Presidente em exercício da Venezuela. Ele tem todo o nosso reconhecimento para impulsionar o regresso da democracia ao país”, escreveu Almagro na rede social Twitter, a partir de Washington, onde a OEA está sediada, depois de já ter há alguns dias anunciado que o considerava o “Presidente interino” da Venezuela.