Estamos a 100 segundos do Juízo Final - TVI

Estamos a 100 segundos do Juízo Final

  • Henrique Magalhães Claudino
  • HCL
  • 23 jan 2020, 15:28
Relógio do Juízo Final

Cientistas acertaram o "Relógio do Juízo Final" esta quinta-feira

O “Relógio do Juízo Final” foi atualizado esta quinta-feira para os 100 segundos para a meia-noite, como uma forma de comunicar à população que estamos cada vez mais próximos, metaforicamente, da aniquilação total.

A meia-noite simboliza o fim dos tempos e todos os anos, o Boletim dos Cientistas Atómicos decide o horário. No ano passado, o relógio apontava para as 11:58 horas, apenas dois minutos antes da destruição total.

O Relógio do Juízo Final é uma forma de avisar a população sobre o quão perto estamos de destruir o mundo com os nossos próprios desenvolvimentos tecnológicos. É uma metáfora, uma lembrança dos perigos que temos de enfrentar para salvar o planeta", diz o Boletim no seu site oficial.

O presidente do Boletim, Richard Bronson, explica que as maiores ameaças atualmente para a humanidade são a escalada nuclear e as mudanças climáticas.

O relógio foi criado em 1947 quando a maior ameaça para a humanidade era uma guerra nuclear entre os Estados Unidos e a União Soviética.

 

Em 2007, sentimos que tínhamos de englobar o aquecimento global na lista dos maiores perigos para a humanidade", disse Richard Bronson sobre este alerta da comunidade científica para o mundo.

Nos últimos anos, o grupo de cientistas que integram o Boletim começaram a alertar para as "tecnologias disruptivas" , como a Inteligência Artificial, a edição de genes e os ataques informáticos. 

Embora as mudanças climáticas e o perigo nuclear continuem a ser as razões mais fortes para os ponteiros andarem mais depressa, Richard Bronson afirma que "o ambiente da informação é hoje mais complicado. Tornou-se incrivelmente difícil separar os factos da ficção e isso acentua todas as outras ameaças".

 

O mundo está a caminhar sonambulamente para um ambiente de instabilidade nuclear. O controlo de armas que ajudou a prevenir uma catástrofe nuclear durante o último meio século está cada vez mais em risco”, afirma o comunicado do Buletim endereçado a todas as pessoas e líderes do mundo.

 

 

Os cientistas afirmam que um dos maiores impulsionadores de uma possível catástrofe é o Irão que, durante 2019, aumentou o ‘stock’ de urânio pouco enriquecido e adicionou novas e aprimoradas centrifugadoras - “tudo para expressar a frustração pela saída dos Estados Unidos do acordo nuclear do Irão e pelas sanções económicas impostas no país”. 

O grupo de cientistas olha ainda para a morte do general Qasem Soleimani como um ponto de rutura de extrema preocupação internacional.

Embora o Irão não tenha formalmente desistido do acordo nuclear, as suas ações parecem diminuir o tempo necessário para construir uma arma nuclear”, prossegue o comunicado, reiterando, como em 2019, que “qualquer crença de que a ameaça de uma guerra nuclear foi eliminada é uma miragem”.

 

2019 foi o segundo ano mais quente desde 1880, altura em que começaram os registos modernos de temperaturas e vários cientistas afirmam que as mudanças climáticas têm aumentado o impacto de desastres naturais, como incêndios e cheias. Um dos países mais afetados por isto tem sido a Austrália, embora o seu primeiro-ministro se negue a relacionar a crise climática com o agravamento dos incêndios florestais.

No último ano, vários países tomaram decisões no combate às alterações climáticas. No entanto, outros -  como os Estados Unidos que formalizou a sua retirada do Acordo de Paris e o Brasil que eliminou políticas de proteção da floresta amazónica - caminham na direção oposta”, anunciou o presidente do Boletim, classificando a Cimeira do Ambiente em Madrid de “decepcionante”.

 

 

 

O comunicado do Boletim afirma ainda que os efeitos dramáticos de um clima em mudança, juntamente com o processo “glaciar” de resposta dos governos levou a um aumento da preocupação e raiva de muitas pessoas.

As ações de muitos líderes mundiais continuam a aumentar o risco mundial de uma catástrofe, num momento em que o oposto é urgentemente necessário”, diz o comunicado.

Se em 2020 estamos a 100 segundos do final, em 1991, o ano em que os Estados Unidos e a Rússia começaram a realizar vários cortes nos arsenais nucleares, o planeta estava a 17 minutos da meia-noite, o mais longe alguma vez registado pelo Boletim. 

Faltam 100 segundos para a meia-noite, esta é a mais perigosa situação que a humanidade alguma vez enfrentou. Agora, é o tempo de nos unirmos e de agirmos", afirma Richard Bronson. 

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