O ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá, François-Philippe Champagne, exigiu na terça-feira ao seu homólogo chinês a libertação "imediata" de dois canadianos detidos na China há mais de um ano e meio, acusados de espionagem.
Michael Kovrig, um antigo diplomata destacado em Pequim, e o empresário Michael Spavor, estão detidos na China desde dezembro de 2018.
O processo contra os dois homens é considerada uma represália pela detenção alguns dias antes, no Canadá, de Meng Wanzhou, diretora financeira do gigante chinês das telecomunicações Huawei, a pedido dos Estados Unidos.
Em junho deste ano, o Ministério Público chinês acusou os dois canadianos por "espionagem" e divulgação de "segredos de Estado", levando também os Estados Unidos a reclamar a sua "libertação imediata", denunciando uma acusação "política e sem qualquer fundamento".
As detenções abriram uma crise diplomática sem precedentes entre a China e o Canadá.
O apelo do governante canadiano foi feito durante uma reunião na terça-feira, em Roma, com o seu homólogo chinês Wang Yi.
O caso continua a ser "uma prioridade máxima para o Governo do Canadá", disse Champagne, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O governante também pediu a Pequim "clemência para todos os canadianos que enfrentam a pena de morte na China", evocando o caso de quatro canadianos implicados em casos de droga, detidos no país asiático, que arriscam a pena máxima.
Durante o encontro, o chefe da diplomacia chinesa apontou que os dois países estavam a encontrar "sérias dificuldades devido à detenção de um cidadão chinês" no Canadá, de acordo com um comunicado de imprensa citado pela AFP.
Wang Yi, que não mencionou explicitamente Meng Wanzhou, apelou ao Canadá para "adotar a posição de um país independente" e "remover os principais obstáculos" que impedem as relações entre Pequim e Otava, de acordo com a nota.
O encontro entre os chefes da diplomacia dos dois países, o primeiro desde novembro de 2019, teve lugar no mesmo dia em que a Justiça canadiana rejeitou um pedido de acesso a documentos dos advogados de Meng Wanzhou, alegando segurança nacional.
Os advogados procuravam obter acesso a documentos secretos que, na sua opinião, provam a existência de uma conspiração entre o FBI e as autoridades canadianas. A ser provada, a conspiração poderia levar à anulação do processo de extradição de Meng Wanzhou para os Estados Unidos, que a acusam de ter violado as sanções contra o Irão.