Myanmar: polícia dispara balas de borracha e gás lacrimogéneo sobre manifestantes desarmados - TVI

Myanmar: polícia dispara balas de borracha e gás lacrimogéneo sobre manifestantes desarmados

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  • 27 fev 2021, 13:08
Myanmar: milhares manifestam-se contra golpe que afastou Suu Kyi do poder

Segundo as agências de notícias EFE e AFP, as autoridades estão a agir com violência, tendo já detido um número indeterminado de pessoas, entre eles jornalistas e repórteres de imagem que se encontravam a fazer a cobertura das manifestações que decorrem há várias semanas no país

A polícia disparou hoje balas de borracha e lançou gás lacrimogéneo sobre os manifestantes que protestam pacificamente contra o golpe da junta militar em Myanmar, depois do embaixador na ONU ter pedido o fim do golpe e punição dos seus responsáveis.

Segundo as agências de notícias EFE e AFP, as autoridades estão a agir com violência contra um número elevado de manifestantes desarmados, tendo já detido um número indeterminado de pessoas, entre eles jornalistas e repórteres de imagem que se encontravam a fazer a cobertura das manifestações que decorrem há várias semanas no país.

Myanmar (antiga Birmânia) encontra-se a braços com uma onda de protestos pró-democracia e apelos à restauração da democracia e à libertação dos políticos eleitos detidos pelas forças de segurança, incluindo a líder deposta Aung San Suu Kyi.

Os militares justificam o golpe de estado alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.

Hoje, em Rangum, a cidade mais populosa do país, a polícia utilizou balas de borracha para dispersar os manifestantes, segundo fontes locais citadas pela agência AFP.  

A EFE, por sua vez, relata que a polícia utilizou também gás lacrimogéneo em vários pontos da cidade, antiga capital da Birmânia, onde hoje desde cedo as forças de segurança estão a bloquear várias ruas a fim de evitar novos protestos.

“O que a polícia está a fazer? Estão a proteger um ditador louco", gritavam os manifestantes nas ruas, onde centenas de membros do grupo étnico Môn se reuniram para comemorar o seu feriado nacional, juntamente com outros grupos étnicos que protestavam contra o golpe.

Os manifestantes, muitos com máscaras de gás, capacetes e escudos improvisados, partiram para construir barricadas nas ruas adjacentes.

Testemunhas no local descreveram cenas caóticas ao vivo na rede social Facebook, incluindo os momentos em que os tiros foram disparados.

Pelo menos 15 pessoas foram presas, confirmou a polícia.

Três jornalistas estão entre os presos, incluindo um repórter fotográfico da agência americana Associated Press, bem como um operador de câmara e um repórter fotográfico de duas agências birmanesas, Myanmar Now e Myanmar Pressphoto, respetivamente, refere a AFP.

Na sexta-feira, o embaixador de Myanmar na ONU, Kyaw Moe Tun, pediu o fim do golpe e exigiu da comunidade internacional a "ação mais forte possível" "contra os seus responsáveis.

Minutos antes, na mesma sessão, a enviada da ONU a Myanmar, Christine Schraner Burgener, que está proibida de entrar no país, tinha condenado “veementemente” as mais recentes medidas tomadas pela junta militar no poder, pedindo uma ação internacional para um regresso à democracia.

“O uso de força letal e o aumento das mortes (são) inaceitáveis”, disse Burgener, no seu apelo à comunidade internacional.

“As ações do exército não são justificáveis e devemos continuar a pedir a reversão desta situação inadmissível, esgotando todos os canais coletivos e bilaterais para devolver Myanmar ao caminho da reforma democrática”, acrescentou a enviada da ONU.

A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Myanmar.

Na quinta-feira, a rede social Facebook bloqueou todos os perfis relacionados com o novo regime em Myanmar, incluindo os do Governo e dos meios de comunicação agora controlados pela junta militar, devido ao “grave registo de violações dos direitos humanos cometidas pelo Exército e o óbvio risco de incidentes violentos incitados pelos militares”.

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