Paris a ferro e fogo durante manifestações contra violência policial - TVI

Paris a ferro e fogo durante manifestações contra violência policial

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 28 nov 2020, 16:25

Origem dos protestos estará numa nova disposição da lei que torna crime a publicação de fotos ou vídeos de polícias em serviço, com a intenção de prejudicar a sua “integridade física ou psicológica”

A capital francesa está a viver momentos verdadeiramente tumultuosos durante esta tarde de sábado, com a polícia a disparar gás lacrimogéneo contra manifestantes que invadiram as ruas de Paris para protestar contra a violência policial.

De acordo com a agência Reuters, dois carros foram incendiados, juntamente com algum equipamento de construção. A agência dá ainda conta de que a maior parte dos manifestantes está a agir pacificamente.

 

 

Os confrontos policiais terão começado depois de alguns manifestantes mascarados terem lançado petardos e pedras contra as forças de segurança e erguido barricadas.

A origem dos protestos estará numa nova disposição da lei que torna crime a publicação de fotos ou vídeos de polícias em serviço, com a intenção de prejudicar a sua “integridade física ou psicológica”. Vários grupos de defesa dos direitos civis e jornalistas estão preocupados que a medida bloqueie a liberdade de imprensa e permita que a brutalidade policial não seja descoberta e não seja punida.

Essa brutalidade foi exemplificada na agressão a Michel Zecler, um produtor musical visto na rua sem máscara. O incidente ocorreu a 21 de novembro, quando a vítima foi apanhada a caminhar na rua sem máscara. 

Zecler foi, entretanto, acompanhado ao estúdio por três agentes policiais que começaram a agredi-lo com murros e pontapés.

As imagens foram registadas pelas câmaras de vídeovigilância do estúdio da vítima.

 

O presidente francês, Emmanuel Macron, já afirmou ter ficado chocado com o comportamento violento dos polícias que, esta quinta-feira, foram suspensos da força policial de Paris.

Em Paris, vários milhares de pessoas manifestaram-se na histórica Praça da República e nas ruas circundantes, carregando bandeiras vermelhas de sindicatos, bandeiras nacionais francesas e cartazes caseiras com mensagens anti-violência policial.

Segundo vídeos dos locais de protesto, os manifestantes exigem a toda a voz a liberdade de imprensa e pedem a renúncia do ministro do Interior, Gerald Darmanin.

O primeiro-ministro, Jean Castex, propôs esta semana que uma comissão independente fosse encarregada de examinar e reescrever o polémico artigo, mas teve de voltar atrás com a proposta e deixá-lo novamente em exclusivo nas mãos do Parlamento, face às críticas, tanto do Senado (câmara alta) como da Assembleia Nacional Francesa (câmara baixa).

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