A capital francesa está a viver momentos verdadeiramente tumultuosos durante esta tarde de sábado, com a polícia a disparar gás lacrimogéneo contra manifestantes que invadiram as ruas de Paris para protestar contra a violência policial.
De acordo com a agência Reuters, dois carros foram incendiados, juntamente com algum equipamento de construção. A agência dá ainda conta de que a maior parte dos manifestantes está a agir pacificamente.
Chaos in #Paris as thousands take to the streets today in protest against a new "security law" which makes it illegal to film police.pic.twitter.com/6yE54xCDtH
— Disclose.tv 🚨 (@disclosetv) November 28, 2020
Os confrontos policiais terão começado depois de alguns manifestantes mascarados terem lançado petardos e pedras contra as forças de segurança e erguido barricadas.
A origem dos protestos estará numa nova disposição da lei que torna crime a publicação de fotos ou vídeos de polícias em serviço, com a intenção de prejudicar a sua “integridade física ou psicológica”. Vários grupos de defesa dos direitos civis e jornalistas estão preocupados que a medida bloqueie a liberdade de imprensa e permita que a brutalidade policial não seja descoberta e não seja punida.
Essa brutalidade foi exemplificada na agressão a Michel Zecler, um produtor musical visto na rua sem máscara. O incidente ocorreu a 21 de novembro, quando a vítima foi apanhada a caminhar na rua sem máscara.
Zecler foi, entretanto, acompanhado ao estúdio por três agentes policiais que começaram a agredi-lo com murros e pontapés.
As imagens foram registadas pelas câmaras de vídeovigilância do estúdio da vítima.
O presidente francês, Emmanuel Macron, já afirmou ter ficado chocado com o comportamento violento dos polícias que, esta quinta-feira, foram suspensos da força policial de Paris.
Les images que nous avons tous vues de l’agression de Michel Zecler sont inacceptables. Elles nous font honte. La France ne doit jamais se résoudre à la violence ou la brutalité, d’où qu’elles viennent. La France ne doit jamais laisser prospérer la haine ou le racisme.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) November 27, 2020
Em Paris, vários milhares de pessoas manifestaram-se na histórica Praça da República e nas ruas circundantes, carregando bandeiras vermelhas de sindicatos, bandeiras nacionais francesas e cartazes caseiras com mensagens anti-violência policial.
#France: Barricades & fires in #Paris during #protest against ‘Global Security' bill 💥🔥💥🔥💥🔥💥
— இர்பான் கான் (@IrfanKhan_ji) November 28, 2020
pic.twitter.com/IEYgtKzCil
Segundo vídeos dos locais de protesto, os manifestantes exigem a toda a voz a liberdade de imprensa e pedem a renúncia do ministro do Interior, Gerald Darmanin.
O primeiro-ministro, Jean Castex, propôs esta semana que uma comissão independente fosse encarregada de examinar e reescrever o polémico artigo, mas teve de voltar atrás com a proposta e deixá-lo novamente em exclusivo nas mãos do Parlamento, face às críticas, tanto do Senado (câmara alta) como da Assembleia Nacional Francesa (câmara baixa).