Simone Veil, a primeira mulher a presidir o Parlamento Europeu e uma sobrevivente de Auschwitz, morreu esta sexta-feira aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo filho, Jean Veil, à Agência France-Press.
A minha mãe morreu esta manhã em casa. Ia fazer 90 anos no próximo dia 13 de julho”, disse o filho de Simone Veil à AFP.
Figura maior da vida política francesa, académica, feminista, Simone Veil escapou aos campos da morte durante a II Guerra Mundial, e incarnava para os franceses a memória do holocausto judeu.
Natural de Nice, Simone Veil é filha de um arquiteto judeu e a sua família foi perseguida e deportada depois e a Alemanha ter invadido a França na década de 40.
Com apenas 16 anos, foi levada, juntamente com a mãe e a irmã, para o campo de concentração de Auschwitz e depois para Bergen-Belsen. A mãe, Yvonne, morreu poucos dias antes da libertação do campo, em 1945. O pai e o irmão também morreram durante a guerra.
Depois do fim da II Guerra Mundial, regressou a França, formou-se em Estudos Políticos, em Paris, com um grau em Direito, e seguiu uma carreira nesta área, primeiro como magistrada e depois como diretora das prisões de França, em 1956.
Em 1962, tornou-se ministra dos Assuntos Civis. Neste cargo, teve a sua primeira grande luta política, no âmbito da adoção de crianças. Veil foi pioneira na defesa dos direitos da criança, tomando uma posição que a levou a travar fortes debates no parlamento francês.
Trinta anos depois, vinha outro momento-chave da sua carreira política. Como ministra da Saúde, foi a grande responsável, em 1974, pelo projeto de lei para introduziu a despenalização da interrupção voluntária da gravidez em França.
As suas experiências nos campos de concentração nazi tornaram-na numa forte defensora do projeto europeu. E em 1979, tornou-se a primeira mulher a ser eleita presidente do Parlamento Europeu. Um cargo que ocupou até 1982.
Em 1998 tornou-se membro do Tribunal Constitucional de França, posição que ocupou até 2007.