O jornal britânico The Guardian publicou esta quarta-feira um artigo que destaca uma subida a pique da violência racista em Portugal nos últimos meses.
Intitulado “Portugal enfrenta violência racista com ascensão da extrema direita”, o artigo usa o e-mail enviado no dia 11 de agosto para a associação SOS Racismo que continha ameaças de cariz racista e político como ponto de partida para explicar este fenómeno.
No e-mail enviado pelo “Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional”, e a que a TVI teve acesso, constam os nomes de Mamadou Ba, Beatriz Gomes, Danilo Moreira, Joacine Katar Moreira, Jonathan Costa, Rita Osório, Vasco Santos, Luís Lisboa, Melissa Rodrigues e Mariana Mortágua.
Entrevistado pelo jornal britânico, Mamadou Ba assume que tem existido “um escalar de violência provocado pelo crescimento da extrema-direita terrorista em Portugal” e reitera a sua opinião com dados da Rede Europeia Contra o Racismo que sustentam que “a brutalidade, o volume e a frequência dos ataques estão a aumentar e a deixar os ativistas inseguros, especialmente num contexto em que não se sentem protegidos pelas autoridades”.
O artigo, escrito pelo correspondente do jornal em Portugal, descreve alguns dos casos mais mediáticos na temática do racismo, como os insultos ao jogador do FC Porto, Marega e o homicídio de Bruno Candé, que morreu no dia 25 de julho após ter sido baleado, várias vezes, em plena Avenida de Moscavide.
O jornal dá ainda conta de dados da Comissão pela Igualdade e Contra a Discriminação Racial que mostram uma subida de 26% de casos de racismo em 2018.
Nos últimos meses, registámos uma subida muito preocupante de ataques racistas por parte da extrema-direita em Portugal. Confirmamos que as mensagens de ódio têm estado a fomentar táticas mais agressivas contra defensores dos direitos das minorias”, afirma a Rede Europeia Contra o Racismo ao jornal britânico.
Falando na existência de “policiamento discriminatório na Europa”, a rede critica que os dirigentes da União Europeia e dos Estados-membros mantêm um silêncio ensurdecedor sobre a discriminação e o racismo nos seus próprios países, “chegando ao ponto de negar que a violência policial é um problema” no espaço comunitário”.
Assim, a Rede Europeia Contra o Racismo exorta a uma tomada de “medidas eficazes para assegurar que os defensores de direitos humanos são protegidos na Europa”, pedindo que “a ameaça da extrema-direita” faça parte da agenda de Von der Layen.