Catalunha: Puigdemont contrata advogado que defendeu membros da ETA - TVI

Catalunha: Puigdemont contrata advogado que defendeu membros da ETA

  • ALM
  • 30 out 2017, 20:04
Carles Puigdemont - Barcelona

Paul Beckaert confirmou ter sido contratado para assessorar o destituído presidente do governo catalão, que foi para a Bélgica juntamente com outros membros do seu governo

Ainda havendo dúvidas sobre as intenções de Carles Puigdemont, nomeadamente se pretende pedir asilo político após ser alvo de uma acusação por rebelião, sedição e desvio de fundos, sabe-se que o destituído presidente do governo da Catalunha chegou esta segunda-feira à Bélgica, onde contratou o advogado que ficou conhecido por defender membros da organização armada do País Basco, a ETA.

Sim, sou advogado de Carles Puigdemont", afirmou Paul Beckaert, ouvido pelo jornal espanhol El Mundo.

O advogado ficou conhecido ao longo dos anos por defender vários elementos da ETA refugiados na Bélgica, batendo-se por impedir a sua extradição para Espanha. Irá agora assessorar o destituído presidente do governo catalão.

Não lhe posso dizer o que falámos porque estou sob o segredo profissional. Está na Bélgica, falei com ele e desde hoje é meu cliente", afirmou Beckaert ao El Mundo, acrescentando ainda, quanto à questão se Puigdemont pretende pedir asilo político, que "nada está decidido".

O advogado tem escritório na localidade flamenga de Tielt, mas adiantou não poder "dar pormenores da localização" de Puigdemont.

Tenho mais de 20 anos a tratar de casos sobre Espanha, tenho muita experiência sobre extradições e pedidos de asilo", concretizou ainda o advogado.

De acordo com a imprensa espanhola, Carles Puigdemont saiu de manhã de Barcelona rumo a Marselha, em França, e daí seguiu de carro para a Bélgica. Ia acompanhado por cinco dos seus colegas do destituído governo.

 

Asilo à vista?

As agências noticiosas Efe e Associated Press confirmaram a vaigem de Puigdemont, uma hora depois de o procurador-geral, José Manuel Maza, ter anunciado a acusação contra os principais membros do ex-governo catalão por rebelião, sedição e fraude e contra a presidente do Parlamento regional e os membros da mesa que processaram a declaração de independência.

Segundo o jornal espanhol La Vanguardia, além de Puigdemont, encontram-se também na Bélgica “outros membros do Governo destituído”. Esta tarde Puigdemont e os membros de seu governo poderão fazer uma aparição conjunta, de acordo com o mesmo jornal espanhol.  As fontes do Ministério do Interior disseram que não estão "preocupadas" com a viagem de Puigdemont a Bruxelas, porque o que lhes interessava "mais hoje" é que não fossem ao Palau de la Generalitat - sede do governo da Catalunha.

Mas o El Periódico vai mais longe e diz que o ex líder do governo da Catalunha e mais cinco membros do seu executivo se preparam para pedir asilo político na Bélgica, um país também às voltas com questões separatistas.

Ontem o secretario de Estado belga de Migração e Asilo, Theo Francken, ofeceu asilo político a Puigdemont, o que provocou uma grave crise no governo belda e obligou o primeiro-ministro, Charles Michel, a pedir ao secretário de Estado para que não colocasse mais achas numa fogueira que continua a arder.

Na acusação, anunciada esta segunda-feira, Maza não solicitou qualquer medida cautelar, ou seja não pediu a detenção dos visados, mas poderá ainda vir a acontecer no âmbito da investigação, e como investigados. Nesse caso, as suas detenções serão feitas carácter de urgência. Dada a gravidade dos alegados atos cometidos espera-se que o caso avance o mais rápido possível.

Só depois de ouvir os visados é que a Procuradoria poderá solicitar medidas cautelares, entre as quais a que a acusação assinala: “as responsabilidades pecuniárias, em que podem incorrer os acusados, incluem a imposição de uma fiança e, nesse caso,  o arresto de bens numa quantia prudencialmente fixada em 6.207.450 euros”, refere o La Vanguardia.

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