Multidão invade prisão e liberta reclusos no sul da Nigéria - TVI

Multidão invade prisão e liberta reclusos no sul da Nigéria

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  • 19 out 2020, 19:27

Ação integra os protestos contra os abusos policiais no país. De acordo com a comunicação social local, cerca de 200 prisioneiros podem ter escapado

Uma multidão invadiu esta segunda-feira uma prisão e libertou os reclusos detidos em Benin, uma cidade no sul da Nigéria, noticia esta segunda-feira a agência Associated Press, que refere que a ação integra os protestos contra os abusos policiais no país.

Alguns presos terão saltado de uma cerca da instituição enquanto outros foram vistos a correr pela rua, segundo vídeos do local. De acordo com a comunicação social local, cerca de 200 prisioneiros podem ter escapado.

As autoridades nigerianas não anunciaram ainda se houve alguma morte ou ferimentos resultantes da invasão a este estabelecimento prisional no estado de Edo.

Segundo o noticiado pela AP, os manifestantes atacaram esquadras e veículos da polícia noutras partes do país.

Ao longo de mais de duas semanas, a Nigéria tem sido palco de manifestações, em particular de jovens, que protestam contra os alegados abusos das forças policiais.

Os protestos na Nigéria têm como alvo os membros do Esquadrão Especial Antirroubo (SARS, em inglês), uma força policial acusada por grupos de defesa dos direitos humanos de ter matado e torturado cidadãos nigerianos.

Os protestos tiveram início depois de um vídeo de agressões alegadamente cometidas por membros do SARS ter sido divulgado nas redes sociais.

Como resposta aos protestos, o Governo nigeriano anunciou, no dia 11 de outubro, que iria desmantelar esta força policial, mas tal não foi suficiente para demover os manifestantes, que reclamam o fim das agressões por parte das forças de segurança.

Inicialmente realizados de forma pacífica, pelo menos 10 pessoas morreram, anunciou a organização Amnistia Internacional na semana passada, que acusou a polícia de recorrer a violência desnecessária contra os manifestantes.

Segundo o ministro da Informação e Cultura da Nigéria, Lai Mohammed, o Governo não irá baixar as armas e permitir que o país caia na anarquia.

“Já não estamos a lidar com o #EndSARS [movimento nas redes sociais que pedia o fim desta brigada], mas sim com uma situação volátil que pode levar à anarquia se o Governo não tomar algumas medidas muito firmes para proteger a vida e o sustento de nigerianos inocentes”, disse o ministro na estação de televisão estatal nigeriana, a NTA.

Em resposta à fuga da prisão, o governo estadual de Edo impôs um recolher obrigatório de 24 horas.

“Esta decisão tornou-se necessária devido aos incidentes muito perturbadores de vandalismo e ataques a particulares e instituições por bandidos disfarçados de manifestantes”, apontou o secretário do governo de Edo, Osarodion Ogie, numa declaração citada pela AP.

Os protestos têm-se realizado um pouco por todo o país, que conta com uma população superior a 196 milhões de pessoas, com principal destaque para a maior cidade, Lagos, a capital, Abuja, e outras importantes cidades, como Port Harcourt, Calabar, Asaba e Uyo.

A campanha para o fim do SARS reuniu apoio internacional, incluindo de membros do movimento ‘Black Lives Matter’ e do cofundador da plataforma social Twitter Jack Dorsey, que partilhou várias publicações de manifestantes nigerianos.

Na passada terça-feira, dia 13, a polícia nigeriana anunciou a criação de uma brigada anticrime (SWAT) para substituir a SARS, tendo posteriormente garantido que nenhum antigo membro da unidade desmantelada poderá integrar a nova força.

A Nigéria é o maior produtor de petróleo de África, mas o país sofre de um abrandamento da sua economia e de um desemprego em massa, especialmente entre os jovens, agravado pela crise resultante da pandemia de covid-19.

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