Pandora Papers: os poderosos e os políticos apanhados nas offshores - TVI

Pandora Papers: os poderosos e os políticos apanhados nas offshores

Cinco anos depois dos Panamá Papers, chegam os Pandora Papers. E há nomes que terão muito a explicar, seja pelo lugar que ocupam, seja pelo lugar que ocuparam

Tanto o Lux Leaks, como os Panamá Papers mostraram ao mundo como muitos ricos e poderosos usavam os paraísos fiscais para esconderem a sua fortuna e fugirem aos impostos. Mas, apesar de todas as revelações, tudo terá continuado. O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revela agora os Pandora Papers e há nomes que não deixam ninguém indiferente.

Segundo avançam os meios de comunicação social ligados ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, são cerca de 11,9 milhões de ficheiros confidenciais que permitiram encontrar ligações entre companhias offshore e 35 atuais e antigos Presidentes e primeiros-ministros. Mas há também mais 330 funcionários públicos, espalhados por mais de 90 países, entre os quais Portugal, escreve o Expresso.

São 14 líderes mundiais, no ativo, que terão escondido fortunas de milhares de milhões de dólares para não pagarem impostos. E a este número juntam-se 21 líderes que já não estão no poder e que também ocultaram propriedades e rendimentos.

Entre os nomes mais conhecidos encontramos, por exemplo, Tony Blair, o ex-primeiro-ministro britânico, e a sua mulher, que terão comprado um edifício, a uma companhia offshore da família do ministro da Indústria do Bahrain, Zayed bin Rashid al-Zayani, por 7,6 milhões de euros.

Todavia, o casal tentou explicar o sucedido: Cherie Blair explicou que o vendedor a quem compraram um edifício só estava disponível para vender a companhia offshore detentora do imóvel - e não o próprio imóvel. Acabaram por poupar mais de 300 mil euros em impostos. Tony Blair disse ainda que não sabiam que o verdadeiro dono do edifício era um ministro do Bahrain e Cherie Blair garantiu que o ex-primeiro-ministro britânico não esteve envolvido na transação e que a companhia acabou por ser encerrada.

Mas há também o nome de Andrej Babis, atual primeiro-ministro checo que adquiriu um castelo de 19 milhões de euros, em França, através de uma estrutura offshore. E não se ficou por esse castelo. Outra empresa de fachada terá sido usada para comprar mais sete propriedades nas redondezas da primeira compra. Sendo que em 2018, tudo foi passado para uma empresa no Mónaco, controlada pelo primeiro-ministro.

O nome do rei da Jordânia, Abdullah II, também surge nos documentos, devido à aquisição de três propriedades em Malibu, na Califórnia, nos Estados Unidos, através das Ilhas Virgens britânicas, num valor de 59 milhões de euros.

Ainda segundo o Expresso, os ficheiros revelam que o presidente do Equador, Guillermo Lasso, teve contas nos bancos Morgan Santley e no JP Morgan Chase, tituladas por uma fundação registada no Panamá. Mas a dada altura, em 2017, transferiu tudo para um conjunto de trusts confidenciais, ligados ao estado norte-americano Dakota do Sul, que se tornou num centro offshore dentro dos próprios Estados Unidos.

Já no Líbano, avança também o Expresso, surgem os nomes do atual primeiro-ministro, Najib Mikati, e do seu antecessor, Hassan Diab. Mas não estão sozinhos, aparece também o nome do governador do banco central, Riad Salameh.

Uhuru Kenyatta, presidente do Quénia, e a sua mãe foram também identificados como sendo os beneficiários de uma fundação secreta no Panamá. E há nomes de outros membros da família, incluindo três irmãos, como donos de cinco companhias offshore com quase 30 milhões de euros.

Pessoas próximas do primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, também estão identificadas nos documentos, incluindo ministros e respetivas famílias, escreve a BBC.

Mas, além de políticos, cerca de 130 milionários são identificados nos documentos, escreve o Expresso. Nem as estrelas do mundo da música e da moda escapam como, por exemplo, Shakira ou Claudia Schiffer.

Os países com mais donos de offshores identificados nos documentos são a Rússia, o Reino Unido, a China e o Brasil, mas há, segundo o Expresso, beneficiários de mais de 200 países. Ao todo, é possível identificar os donos de 29 mil companhias offshore.

Nos Panama Papers, o escritório de advogados Mossack Fonseca era o epicentro das offshore criadas. Nos Pandora Papers, os documentos estão ligados a 14 empresas que fornecem o mesmo tipo de serviço. E, como sempre, as moradas são meras caixas postais, são chamadas de empresas de fachada, por existirem apenas no papel. As empresas estão sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, Panamá, Belize, Chipre, Emirados Árabes Unidos, Singapura e Suíça, avança a BBC.

O semanário Expresso identificou três nomes portugueses nos documentos: atual vice-presidente do PSD, Nuno Morais Sarmento, o ex-deputado do PS Vitalino Canas e o ex-ministro Manuel Pinho como os nomes portugueses envolvidos

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