Suicídios no ar são raros, mas este não é caso único - TVI

Suicídios no ar são raros, mas este não é caso único

Destroços do A320 da Germanwings [Foto: EPA]

Em trinta anos existiram quatro casos de suicídio de pilotos aos comandos das respetivas aeronaves

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A responsabilidade do desastre do avião da Germanwings foi atribuída ao copiloto Andreas Lubitz. O copiloto terá programado o piloto automático para que este despenhasse o avião. Apesar de rara, esta não é uma situação inédita. O desastre do Germanwings foi o quarto dos últimos 30 anos.

Em conferência de imprensa, o CEO da Lufthansa, companhia mãe da Germanwings, afirmou que o piloto tinha concluído com sucesso todo o treino e exames. Nas palavras de Casten Spohr, «estava 100% em condições para voar».

Enquanto o Airbus A320 descia rumo à montanha o comandante, trancado no exterior da cabine, tentava arrombar a porta depois de não obter qualquer resposta do interior. Uma tarefa praticamente impossível, uma vez que a porta é desenhada para resistir a qualquer tentativa de invasão do cockpit.

O mais recente aconteceu há dois anos, quando o voo TM470 da Moçambique Airlines se despenhou na Namíbia com 27 pessoas a bordo.

O avião em causa era um Embraer EM-190 e tinha apenas um ano de serviço e uma análise ao conteúdo da caixas negras deu a certeza aos investigadores de que a queda foi causada pelo comandante moçambicano que trancou o copiloto no exterior do cockpit e procedeu a mudar a altitude do piloto automático, de 38 mil pés para 0.

Pouco se sabe sobre o estado mental do comandante, mas segundo o Internation Business Times, o piloto encontrava-se com problemas matrimoniais depois da morte do filho.

É preciso depois recuar 14 anos para encontrar outro desastre causado pelo suicídio de um dos pilotos. Em 1999, foi essa a explicação para o acidente com o voo 990 da EgyptAir, entre Nova Iorque e o Cairo, que resultou na morte de 217 pessoas a bordo do Boeing 767.

O avião despenhou-se no Atlântico, 100km a sul da Ilha de Nantucket nos Estados Unidos. Apesar da proximidade, a Autoridade para a Aviação Civil Egípcia (ECAA) foi chamada a investigar por se tratarem de águas internacionais. Sem grandes recursos, a ECAA pediu ajuda à americana National Transport Security Board (NTSB) que liderou as investigações.

Depois de encontrar provas de que se trataria do suicídio de um dos pilotos, a NTSB propôs ao governo egípcio que a liderança das investigações fosse atribuída ao FBI. O governo recusou e acabou mesmo por posteriormente retirar a investigação à NTSB à medida que as provas recolhidas apontavam cada vez mais para suicídio de um dos pilotos.

Apesar disso, a NTSB e o FBI continuaram a investigar o acidente e o suicídio do piloto está presente no relatório destas duas agências. Apesar de nunca terem sido confirmadas oficialmente, na altura avançou-se a hipótese de problemas profissionais como causa do eventual suicídio do comandante Al-Batouti. O piloto terá sido despromovido, horas antes do início do voo, por um executivo da EgyptAir que viajava no mesmo avião.

O relatório oficial da ECAA aponta para um acidente com «causas desconhecidas».

Dois anos antes, em 1997, no voo 185 da SilkAir, o Boeing 737 despenhou-se na Indonésia. Morreram todos os 97 passageiros e sete tripulantes. A hipótese de acidente motivado por suicídio de um dos pilotos emergiu na altura como a explicação dominante.

Uma vez que o Boeing é de construção americana, a autoridade americana NTSB, em cooperação a Indonésia NTSC, investigou o caso. Cada uma das agências chegou a diferentes conclusões. A NTSB concluiu através da análise das caixas negras, que o avião se despenhou em resultado da manipulação direta dos controlos. Não chegou a determinar se por parte do piloto ou do copiloto.

Por outro lado, a indonésia NTSC considerou as provas obtidas através das caixas negras de circunstanciais e determinou no seu relatório a impossibilidade de «chegar a qualquer conclusão sobre o acidente.» 
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