Militares levantam prisão domiciliária do primeiro-ministro do Sudão - TVI

Militares levantam prisão domiciliária do primeiro-ministro do Sudão

  • Agência Lusa
  • RL
  • 21 nov 2021, 13:50
Golpe Militar no Sudão

Primeiro-ministro sudanês foi afastado após o golpe militar de 25 de outubro

O primeiro-ministro sudanês, afastado após o golpe militar de 25 de outubro, está novamente livre, disse este domingo o seu gabinete à agência de notícias AFP, depois de os mediadores da crise anunciarem um acordo sobre o seu regresso.

Pouco depois do anúncio feito hoje de um acordo entre o homem forte do país, general Abdel Fattah al-Burhan, e Hamdok, deposto em 25 de outubro, a prisão domiciliária deste foi levantada, segundo o gabinete do primeiro-ministro.

Hamdok terá que assinar o pacto para o seu retorno à frente do Governo, ao lado do general Al-Burhan, chefe do exército e autor do golpe, até ao final do dia de hoje. Os ministros e líderes civis presos em 25 de outubro devem ser libertados, segundo o acordo anunciado por mediadores sudaneses.

"Foi alcançado um acordo político entre o general Al-Burhan, Abdullah Hamdok, forças políticas e organizações da sociedade civil para o regresso de Hamdok ao cargo e a libertação dos presos políticos", disse um responsável do partido Umma Fadlallah Burma, à AFP.

"O acordo será formalmente anunciado ainda hoje, após a assinatura dos seus termos e da declaração política que o acompanha", indicou a mesma declaração.

Este acordo - que aproxima o Sudão de um retorno às autoridades de transição civil-militares de acordo com a divisão do poder decidida em 2019, após a queda do ditador Omar al-Bashir - não alterou, no entanto, a mobilização das ruas.

Centenas de manifestantes marcharam em várias cidades do Sudão, mantendo a pressão sobre o exército, que se prepara para repor o primeiro-ministro Hamdok no cargo.

Apesar de 40 mortos e centenas de feridos desde 25 de outubro, os sudaneses estiveram mais uma vez às centenas a marchar pelo centro de Cartum, Kassala, no leste, ou Atbara, no norte, para gritar "Não ao poder militar" e "Burhan saia" num país quase continuamente sob o domínio do exército desde sua independência, há 65 anos.

Desde o golpe de Estado, embaixadores ocidentais, negociadores das Nações Unidas ou africanos e figuras da sociedade civil sudanesa aumentaram os seus encontros com civis e militares em Cartum para relançar uma transição que supostamente conduziria o país a eleições livres em 2023, após 30 anos de ditadura de Al-Bashir, afastado pelo exército sob a pressão das ruas.

A 25 de outubro, o general Al-Burhan mandou prender quase todos os civis no poder, pôs fim à união formada por civis e militares e declarou o estado de emergência. Hamdok, que liderava o governo de transição, foi colocado sob prisão domiciliária.

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