Cérebro dos atentados morreu ou não nas rusgas em Saint-Denis? - TVI

Cérebro dos atentados morreu ou não nas rusgas em Saint-Denis?

Abdelhamid Abaaoud, belga, é o mentor dos ataques que se encontra na Síria

Abdelhamid Abaaoud poderá ter morrido nos raides policiais de quarta-feira em Saint-Denis. O Washington Post reafirma hoje isso mesmo, apesar de as autoridades francesas não confirmam. A chave para desvendar o mistério pode estar em testes de ADN

O destino de Abdelhamid Abaaoud, apontado como o cérebro dos atentados de Paris, continua uma incógnita. O Washington Post avançou na quarta-feira que Abaaoud tinha sido morto durante os raides policiais da madrugada em Saint-Denis. O jornal norte-americano mantém esta quinta-feira a informação (apesar de o Governo francês não a confirmar) e cita duas fontes oficiais europeias, mas não as identifica.

E conferência de imprensa, o procurador de Paris, François Molins,  não confirmou a informação. Sublinha, aliás, que ainda não se conhece a identidade dos dois suspeitos mortos durante a operação em Saint-Denis, mas adiantou que Abdelhamid Abaaoud não está entre os oito detidos.
 

"As identidades não estão formalmente estabelecidas, mas Abdeslam e Abaaoud não fazem parte das pessoas que estão detidas", afiançou.

 
Sabe-se que um dos mortos, durante a operação policial, era uma mulher, que fez explodir o cinto de explosivos que envergava. Mas a identidade do outro morto é ainda desconhecida. A CNN e o The Telegraph avançam, esta quinta-feira, que vão ser realizados testes de ADN às partes dos corpos encontradas no apartamento onde decorreu o grosso da operação de quarta-feira de madrugada.
 
A polícia foi conduzida ao apartamento depois de rastrear uma mensagem encontrada num dos telemóveis dos terroristas mortos no Bataclan. Na noite de 13 de novembro, o mentor dos ataques enviou um sms para esse telemóvel dando ordem “Vamos lá, comecemos”.
 
Escutas telefónicas feitas pelas agências de segurança francesas e belgas apontam para um grau de parentesco entre a mulher que se fez explodir no apartamento e Abdelhamid Abaaoud. Uma fonte belga da luta contra o terrorismo, citada pela CNN, assegura o que já na quarta-feira se adiantava: seriam primos.
 
Além disso, vários populares na região de Saint-Denis admitem ter visto Abaaoud recentemente na vizinhança e numa mesquita ali perto.
 
É, por tudo isto, muito provável que os restos mortais da segunda vítima encontrados no apartamento pertençam mesmo ao homem que se julga ter planeado os ataques de sexta-feira em Paris.

 Abdelhamid Abaaoud era um dos jihadistas mais produrados e, mesmo assim, terá feito várias viagens entre a Síria e a Europa


Abdelhamid Abaaoud, de nacionalidade belga, é considerado um dos jihadistas mais perigosos do Estado Islâmico. Mesmo assim, tem gozado sempre de uma forte mobilidade. Sabe-se que viajou para a Síria em 2013 e, desde então, já fez duas viagens à Bélgica. A sua presença em Paris, apesar de tudo isto e de, teoricamente, estar a ser vigiado, é pois um constrangimento para os serviços secretos europeus, sobretudo os franceses. A França acreditava, inclusive, que Abaaoud estaria na Síria na altura dos ataques.
 
O exemplo de Abaaoud é, aliás, paradigmático da mobilidade de que gozam os terroristas fora do chamado califado. Se olharmos para os perfis dos homens identificados até agora como autores dos ataques em Paris, percebemos que quase todos viajaram entre a Europa e a Síria – alguns por diversas vezes -, sem que as autoridades fossem capazes de os deter. Um facto que se torna ainda mais desconcertante se pensarmos que a maioria deles era conhecida dos serviços de inteligência de vários países. 
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