Antigo embaixador do Vaticano nos EUA pede renúncia do Papa Francisco - TVI

Antigo embaixador do Vaticano nos EUA pede renúncia do Papa Francisco

Numa carta de 11 páginas publicada este domingo, Carlo Maria Vigano acusa as mais altas patentes da Igreja Católica de conhecerem os abusos de que é acusado o antigo arcebispo de Washington Theodore McCarrick

O antigo núncio do Vaticano nos Estados Unidos Carlo Maria Vigano acusa o Papa Francisco de conhecer os abusos sexuais de que é acusado o antigo arcebispo de Washington Theodore McCarrick, desde que foi eleito, em 2013. Numa carta de 11 páginas divulgada em inglês e italiano por dois órgãos de comunicação católicos conservadores, o The National Catholic Register e o LifeSiteNews, e replicada por meios de comunicação de todo o mundo, Carlo Maria Vigano incita o Papa a resignar.

Neste momento extremamente dramático da Igreja universal, ele deve reconhecer os seus erros e, na senda do princípio de tolerância zero que tem proclamado, o Papa Francisco deve ser o primeiro a dar o bom exemplo a bispos e cardeais que encobriram os abusos de McCarrick e resignar a par com todos eles”, escreveu.

Vigano, que esteve à frente da diplomacia do Vaticano nos Estados Unidos entre 2011 e 2016, diz que os mais altos representantes da Igreja Católica sabiam das acusações contra Theodore McCarrick pelo menos desde 2000 e, mesmo assim, decidiram promove-lo dentro da hierarquia da Igreja. O antigo núncio diz que eram “recorrentes os rumores no seminário [de Newark] de que o arcebispo ‘partilhava a cama como seminaristas’, convidando cinco de cada vez para passar o fim de semana na sua casa de praia”.

Os rumores, diz, eram do conhecimento de antigos secretários de Estado do Vaticano e dos dois Papas que antecederam Francisco, João Paulo II e Bento XVI. A carta especifica os nomes dos cardeais e dos arcebispos que foram informados dos alegados abusos cometidos por Theodore McCarrick.

Na carta, Vigano assegura que há documentos nos arquivos do Vaticano que sustentam a sua versão. O antigo núncio, um conservador conhecido pela sua linha dura contra os homossexuais, diz que McCarrick chegou a ser castigado por Bento XVI, em 2009 ou 2010, a uma vida de penitência e oração, mas que Francisco o reabilitou.

Leia aqui, na íntegra, a versão em inglês da carta de Carlo Maria Vigano:

Carta de Carlo Maria Vigano em Inglês by TVI24 on Scribd

 

 

O Papa Francisco aceitou a resignação de Theodore McCarrick no mês de junho, depois de uma investigação pela Igreja norte-americana ter concluído que as acusações de abuso sobre um menor eram credíveis. Desde então, pelo menos outro homem veio a público acusar McCarrick de abusar dele desde que tinha 11 anos. Vários antigos seminaristas acusam McCarrick de abusos ou assédio quando estavam no seminário.

McCarrick tornou-se, assim, no primeiro cardeal a renunciar depois de acusações de abuso sexual. É um dos elementos mais bem colocados na hierarquia da Igreja acusado de abuso sexual, desde que, em 2002, uma série de casos começaram a ser relatados pela primeira vez pelo Boston Globe. Desde então, vários têm sido relatados, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa, no Chile e na Austrália.

As autoridades do Vaticano recusaram comentar de imediato as acusações da carta publicada este domingo.

Durante a visita à Irlanda, o Papa Francisco reuniu-se, este sábado, durante hora e meia, com oito vítimas de abusos cometidos por membros da Igreja irlandesa. O encontro “com oito vítimas de abusos por parte do clero, de religiosos e institucionais” realizou-se na nunciatura de Dublin ao final da tarde, disse o porta-voz do Vaticano, Greg Burke.

Francisco deixou claro que considera estes crimes repugnantes e que irá fazer tudo para eliminar esse flagelo na Igreja.

A visita de dois dias à Irlanda, para participar no Encontro Mundial das Famílias, está ensombrada pela questão dos abusos sexuais de menores e de mulheres por membros da Igreja Católica ou de organizações a ela ligadas.

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