Irão começou a usar centrifugadoras avançadas para enriquecimento de urânio - TVI

Irão começou a usar centrifugadoras avançadas para enriquecimento de urânio

  • CM
  • 7 set 2019, 15:05
Irão - bandeira junto a plataforma petrolífera

Um ano após o anúncio da decisão norte-americana de abandonar o acordo, o Irão declarou que não se sentia obrigado a continuar a respeitar alguns dos seus compromissos do pacto enquanto os restantes signatários não conseguissem ajudá-lo a contornar as sanções dos Estados Unidos

A Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI) anunciou hoje que começou a usar centrifugadoras avançadas para aumentar as suas reservas de urânio enriquecido, reforçando a redução de compromissos face ao acordo de 2015.

Em causa estão 20 centrifugadoras IR-4 y de 20 IR-6, segundo detalhou o porta-voz da AEAI, Behruz Kamalvandí, numa entrevista conjunta a varios jornalistas, durante a qual insistiu que o Irão tem o direto de reduzir os compromissos asumidos no acordo de 2015 na medida em que uma das partes não está a cumprir com as suas obrigações.

As centrifugadoras IR-6 conseguem produzir urânio enriquecido 10 vezes mais depressa do que as IR- 1 e as IR -4 são cinco vezes mais rápidas.

O Irão tem, no entanto, negado as acusações de Washington de que está a tentar desenvolver armas nucleares insistindo que o seu programa nuclear tem fins pacíficos.

Ainda assim, a Agência Intrenacinal de Energia Atómica (AIEA), que já foi informada das novas medidas que estão a ser tomadas pelo Irão, pretende continuar a supervisonar o programa nuclear deste país, segundo indicou Behruz Kamalvandí, citado pela agência espanhola Efe.

O acordo de 2015 foi assinado entre o Irão e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China), mais a Alemanha, e previa o levantamento de sanções internacionais em troca de limitações e maior vigilância do programa nuclear iraniano.

Um ano após o anúncio da decisão norte-americana de abandonar o acordo, o Irão declarou que não se sentia obrigado a continuar a respeitar alguns dos seus compromissos do pacto enquanto os restantes signatários não conseguissem ajudá-lo a contornar as sanções dos Estados Unidos

Para domingo, está prevista uma reunião da Agência Internacional de Energia Atómica com as autoridades iranianas.

“O diretor geral interino da AIEA, Cornel Feruta, vai viajar para Teerão no sábado para se reunir com as autoridades iranianas no domingo, dia 8 de setembro”, divulgou a agência num comunicado emitido na sexta-feira.

Segundo o documento, esta visita de Cornel Feruta faz parte das “interações em curso” entre o Irão e a AIEA, acrescentando que inclui “a verificação e monitorização” da agência ao acordo de Viena, assinado em 2015, sobre a energia nuclear iraniana.

Na sexta-feira, a Comissão Europeia instou o Irão a retroceder na intenção de reduzir os compromissos nucleares assumidos com a comunidade internacional, no âmbito do acordo assinado em 2015, pedindo que Teerão “não prejudique” tal protocolo.

No encontro com jornalistas, o porta-voz da AEAI deu conta da nova fase de redução de compromissos mas também referiu a intenção do Irão em continuar a permitir o acesso dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) às suas instalações nucleares.

EUA condenam quebra de compromissos

Os Estados Unidos condenaram hoje o anúncio de nova quebra de compromissos por parte do Irão face ao acordo do programa nuclear assinado em 2015, referindo, contudo, não estarem surpreendidos.

Reagindo ao anúncio do Irão de que tinha começado a usar centrifugadoras avançadas para aumentar as reservas de urânio enriquecido, o ministro norte-americano da Defesa, Mark Esper, disse, em Paris, que as movimentações iranianas não surpreendem.

“Não é uma surpresa que os iranianos estejam a procurar atingir aquilo que sempre pretenderam atingir”, referiu o ministro da Defesa dos EUA numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga francesa, Florence Parly.

Já a ministra francesa sublinhou a vontade de Paris de manter o acordo de 2015, precisando que é nessa direção os esforços devem concentrar-se.

 

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