Karzai exige explicações aos EUA por massacre de civis

Última atualização às 19:15

O presidente do Afeganistão exigiu explicações ao governo dos EUA pelo massacre de 16 civis no sul do país. As autoridades norte-americanas dizem que terá sido cometido por um só soldado, mas testemunhas falam em vários militares.

Hamid Karzai condenou duramente o incidente, considerando estes como «homicídios intencionais». O chefe de Estado salientou que entre as 16 vítimas na aldeia de Belandi, província de Kandahar, no sul do Afeganistão, estão nove crianças e três mulheres.

O presidente dos EUA, Barack Obama, também reagiu em comunicado, dizendo-se «chocado e triste» e salientando que este caso não representa o «respeito» que o seu país tem pelos afegãos.

O embaixador dos EUA em Cabul, James B. Cunningham, lamentou estas mortas, apresentando condolências às famílias das vítimas. «Estamos entristecidos por este ato violento contra os nossos amigos afegãos», disse o embaixador.

«Ainda estamos a tentar apurar os factos. O incidente está sob investigação e um elemento ao serviço dos Estados Unidos foi detido», explicou Cunningham num vídeo divulgado através do site da embaixada.

A NATO também lamentou o caso, confirmado que um soldados norte-americano foi detido na sequência da massacre de civis.

Foi ainda explicado que a ISAF (missão da Aliança Atlântica no Afeganistão) prestou assistência a algumas das pessoas feridas.

Os talibã também já reagiram, garantindo que vão retaliar.

«Estavam bêbados e a gritar por todo o lado»



Apesar das autoridades norte-americanas adiantarem que se tratou de um ato cometido por um só soldado, alguns responsáveis afegãos disseram à Reuters que testemunhas no local falam em vários militares envolvidos.

Um homem afirmou que os seus filhos foram mortos por vários soldados, que depois queimaram os corpos.

«Eles colocaram químicos sobre os corpos e queimaram-nos», confirmou esta versão uma outra testemunhas à Reuters, salientando que no incidente foram mortos 11 familiares seus.

Vizinhos das vítimas garantem ter despertado com as vozes de militares a rir, aparentemente embriagados, que entraram nas casas e dispararam.

«Eles estavam bêbados e a gritar por todo o lado», disse Agha Lala, um dos vizinhos, que entrou depois na casa das vítimas. «Os corpos estavam cravados de balas».