Uma agente policial grávida foi morta a tiro por forças talibãs numa cidade do Afeganistão, avançam testemunhas esta segunda-feira ao canal BBC.
Segundo as fontes, o homicídio ocorreu na casa da vítima, identificada como Banu Negar, na cidade de Firozkoh, capital da província de Ghor.
Banu Negar foi espancada e alvejada em frente ao marido e filhos no sábado. As testemunhas acusam os militantes de revistarem a residência antes de amarrarem todos aqueles que estavam presentes.
A mulher trabalhava numa prisão local e estava grávida de oito meses, de acordo com o testemunho de familiares ao canal britânico.
Contudo, representantes dos talibãs disseram à BBC que o grupo não teve nenhum envolvimento na morte de Banu Negar.
Estamos cientes do incidente e confirmo que os talibãs não a mataram, a nossa investigação está em andamento", disse um porta-voz do grupo fundamentalista que, no sábado dispersaram, com gás lacrimogéneo e disparos para o ar, um protesto organizado por mulheres afegãs. Mulheres que, nos últimos dias, têm saído às ruas de Cabul para reclamar a sua participação num futuro governo.
A mesma fonte acrescentou que os talibãs estão a reger-se pela amnistia já declarada para funcionários do anterior executivo e descreveu o assassinato da mulher como “quezília pessoal”.
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Após terem tomado o controlo do país esta segunda-feira, tomando o Vale de Panjshir - último bastião da resistência -, os talibãs prometeram que o seu Governo será “inclusivo”, representando todas as etnias e tribos do país.
No entanto, nos últimos dias, líderes fundamentalistas pediram às mulheres para esperarem por novas diretrizes, afirmando que, entretanto, as funcionárias públicas serão pagas mesmo estando em casa. Não é claro se Banu Negar estaria a receber um salário no momento do ataque.
O porta-voz talibã, Bilal Karimi, disse na sexta-feira à Efe que “todos os afegãos, incluindo as mulheres, terão os seus direitos no futuro Governo, mas o nível de participação das mulheres na política é algo que será decidido e ficará claro quando se forme o novo Governo”.
As afegãs defendem que nos últimos 20 anos alcançaram grandes avanços em matéria de direitos e educação, pelo que também merecem trabalhar como ministras, diretoras ou noutros postos governamentais.