Talibãs trancam grupo de mulheres em cave para as impedir de protestar - TVI

Talibãs trancam grupo de mulheres em cave para as impedir de protestar

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 8 set 2021, 17:47
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Mulheres fizeram denúncia através de um vídeo partilhado nas redes sociais. No protesto, em Cabul, fotografias mostram manifestantes a discutir com combatentes dos talibãs, ao mesmo tempo que uma mulher olha diretamente para uma rifle M-16 apontada ao rosto

Várias mulheres afegãs denunciaram nas redes sociais terem sido trancadas numa cave de um banco, numa tentativa talibã de as impedir de participarem num protesto em Cabul, esta terça-feira.

Vários manifestantes invadiram as ruas da capital depois de um dos líderes da resistência anti-talibã ter convocado um “movimento nacional” contra o grupo fundamentalista um dia antes.

Fotografias mostram manifestantes a discutir com combatentes dos talibãs, ao mesmo tempo que uma mulher olha diretamente para uma rifle M-16 apontado ao rosto.

 

 

Imagens captadas por um telefone revelam ainda uma mulher num estacionamento subterrâneo que gira em seu redor e desvenda uma multidão composta quase exclusivamente por mulheres e algumas crianças presas no mesmo espaço.

 

 

O vídeo, publicado nas redes sociais, é interrompido rapidamente após uma voz masculina ser ouvida a gritar.


 

 

 

Miraqa Popal, um dos diretoros do canal de notícias local Tolo News, partilhou o curto vídeo no Twitter, escrevendo que algumas testemunhas disseram que as mulheres estavam a ser retidas no banco Azizi para que não “se juntassem às manifestações”.

O dia desta terça-feira foi marcado por vagas de protestos contra o regime talibã em Cabul, um movimento que saiu à rua para defender os direitos das mulheres, do trabalho e da livre circulação de pessoas e de bens.

 

 

 

Manifestantes foram ainda vistos a entoar mensagens contra o Paquistão, denunciando a “intrusão” do país, num momento em que é acusado de fornecer apoio aéreo aos Talibãs.

Em resposta, talibãs dispararam tiros para o ar para dispersar os manifestantes e, segundo reporta a comunicação local, fizeram várias detenções.

 

 

As manifestações ocorreram numa altura em que o principal porta-voz dos talibãs ter anunciado que Mohammad Hassan Akhund vai assumir a chefia do novo Governo afegão - concedendo altos cargos a jihadistas veteranos, numa tentativa de trazer estabilidade ao Afeganistão -, mais de três semanas depois da tomada do poder pelo movimento extremista islâmico.

Em resposta, a diplomacia da União Europeia (UE) criticou esta quarta-feira a formação do novo governo afegão por não ser “nem inclusivo nem representativo” da diversidade étnica e religiosa, vincando que não corresponde “ao que os Talibãs prometeram nas últimas semanas”.

Hassan Akhund chefiou o Governo dos talibãs durante os últimos anos do seu anterior regime (1996-2001), enquanto Baradar, que liderou as negociações com os Estados Unidos e assinou o acordo para a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, é um dos seus dois adjuntos.

O porta-voz anunciou ainda a nomeação de Yaqub, fundador do movimento e chefe de Estado de facto do Afeganistão durante o anterior regime) para ministro da Defesa e de Sirajuddin Haqqani (líder da rede Haqqani, grupo de guerrilheiros ligado à Al-Qaeda, encarregado da segurança em Cabul) para o Interior.

Amir Khan Muttaqi, negociador dos talibãs em Doha, chefiará o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

“O Governo não está completo”, sublinhou ainda o porta-voz, assegurando que o movimento, que prometeu um executivo “inclusivo”, vai tentar “arranjar pessoas de outras regiões do país”.

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