Covid-19: OMS pede a África que se prepare para o pior desde já - TVI

Covid-19: OMS pede a África que se prepare para o pior desde já

  • AM
  • 18 mar 2020, 20:26

Continente soma quase 600 casos em 33 países

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu a África para se preparar já para o pior para enfrentar a ameaça do coronavírus no continente, que soma quase 600 casos em 33 países.

“Em outros países vimos como o vírus acelerou a partir de um certo limiar. O melhor conselho para África é que deve preparar-se para o pior desde já”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma conferência de imprensa virtual.

O diretor-geral da OMS, que é natural da Etiópia, apontou que só na África Subsaariana foram registados pelas autoridades 233 casos, alertando que muitos outros terão certamente sido detetados e sinalizados.

Três novos países em África anunciaram hoje as primeiras infeções pelo novo coronavírus, elevando para 33 o número de Estados afetados pela pandemia de Covid-19 no continente africano, que soma quase 600 casos.

Gâmbia (01), Zâmbia (02) e Djibuti (01) foram os países que hoje anunciaram a existência das primeiras infeções, no mesmo dia em que o Burkina Faso registou cinco casos novos e a primeira morte causada pela doença.

De acordo com o 'site' Worldometers sobre a pandemia de Covid-19, que compila quase em tempo real a informação da Organização Mundial de Saúde (OMS), de fontes oficiais dos países e de órgão de informação, durante o dia de hoje foram registados perto de 80 novos casos em 14 países africanos.

A África do Sul registou 31 novos casos e contabiliza agora 116, tornando-se no país com mais casos na África Subsaariana.

Novos casos foram registados também hoje na Guiné Equatorial (02), Argélia (11), Tunísia (02), Sudão (01), Quénia (03), Marrocos (05), Costa do Marfim (02), Senegal (04), Republica Democrática do Congo (04), Tanzânia (02) e Ruanda (01).

A Somália, que anunciou esta semana o seu primeiro caso, fechou as escolas e universidades durante duas semanas e desaconselhou as concentrações de pessoas.

No Uganda, apesar de ainda não terem sido registados casos, as cerimónias religiosas e as concentrações com mais de 10 pessoas foram suspensas.

Os países lusófonos - Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe - mantêm-se sem casos confirmados.

A contabilidade das agências noticiosas internacionais aponta para a existência de pelo menos 600 casos e 16 mortes em 33 dos 55 países e territórios do continente, enquanto os dados do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) da União Africana regista mais de 500 contágios em 31 países.

O CDC tem agendado para quinta-feira o seu quarto 'briefing' desde que a pandemia foi declarada, enquanto especialistas em saúde de 20 países africanos estão a participar em conferências com médicos na China numa tentativa de recolher dados que permitam travar o avanço do vírus.

Missão da ONU na RCA vai suspender rotação de contingentes

A missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (RCA), a MINUSCA, anunciou a suspensão do processo de rotação dos contingentes no país devido à pandemia de Covid-19, devendo as forças no território continuar as tarefas de proteção.

Numa conferência de imprensa, o comandante da missão, o general Daniel Sidiki Traoré, anunciou que a missão “suspendeu o processo de rotação dos contingentes" e que "os que já se encontram no terreno realizarão as habituais tarefas de proteção”.

As autoridades da RCA anunciaram no passado sábado o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus, tratando-se de um italiano que tinha estado em Milão.

Mais de 30 países africanos reportaram casos de Covid-19, com mais de 400 casos confirmados no continente, principalmente no Egito, Magrebe e África do Sul, país que faz fronteira com Moçambique, segundo a consultora EXX África.

Nesse sentido, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na RCA, Severin Von-Xylander, assinalou que o país enfrenta uma pandemia.

“Todas as pessoas são afetadas, porque o vírus não diferencia com base na cor, na pele ou na afiliação religiosa", referiu o responsável, que acrescentou que a organização está “preocupada” e que continua a "apoiar o Ministério da Saúde”.

Os responsáveis da MINUSCA presentes na conferência de imprensa, como a representante especial adjunta do secretário-geral da ONU, Denise Brown, enfatizou o compromisso da missão em colaborar com as autoridades locais na prevenção e contenção da pandemia de Covid-19 em território centro-africano.

O diretor científico do Instituto Pasteur de Bangui apontou que tem havido uma “cooperação de forma transparente” entre a MINUSCA e Ministério da Saúde, tendo sido criado um centro de isolamento para pacientes com coronavírus.

A presença da missão foi elogiada pelo ministro da Saúde Pública, Pierre Somsé, que destacou a apoio logístico prestado.

Em 11 de março, a MINUSCA tinha já admitido a sua disponibilidade para colaborar com as autoridades do país em medidas preventivas contra a pandemia de Covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 84.000 pessoas recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por 170 países e territórios, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.

Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, o Irão, com 1.135 mortes (17.350 casos), a Espanha, com 558 mortes (13.716 casos) e a França com 175 mortes (7.730 casos).

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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