Juíza acusada de racismo após conversa no Facebook - TVI

Juíza acusada de racismo após conversa no Facebook

Mabel Jansen

Até que ponto é que uma conversa numa rede social pode ser privada. A juíza sul-africana diz que as afirmações foram descontextualizadas

As declarações de uma juíza branca sul-africana, no Facebook, estão a ser consideradas racistas. Pode uma conversa na rede social ditar o afastamento de uma magistrada de um tribunal superior? Até onde é que uma conversa pode ser privada numa rede social? Da polémica, a juíza Mabel Jansen já não se livra.

“Ainda não conheci uma rapariga negra que não tenha sido violada aos 12”, escreveu a juíza Mabel Jansen no Facebook da jornalista e realizadora Gillian Schutte.

 

Esta é apenas uma de várias opiniões da magistrada de Pretória deixadas na rede social. “As mães são sujeitas a uma lavagem cerebral tal que dizem às crianças que o pai tem direito a ser o primeiro”.

Mabel Jansen disse ainda que “os negros estão longe de ser anjos” e que até o “homicídio não é grande coisa” para estes, a fazer fé naquilo que se lê no Facebook de Gillian Schutte.

A ativista argumentou que esta é a reprodução de uma conversa pública na rede social. Gillian Schutte juntou, às mensagens da juíza, a sua justificação para a divulgação. Entre várias razões, "quis expor o pensamento de uma pessoa que é responsável pelo julgamento de outras que ela vê como monstros e vítimas”.

 

 

Por seu turno, a juíza escreveu, em sua defesa, no Twitter, que as citações foram "retiradas de contexto" e faziam parte de uma conversa privada.

Em que contexto é que as declarações foram proferidas de pouco importa agora, pois a repercussão pública das afirmações já levaram à indignação da Liga das Mulheres do ANC, o partido de Nelson Mandela.

“Os comentários [da juíza] no Facebook, em que ela considera que a violação faz parte da cultura negra, são profundamente racistas e não representativas da cultura negra”, como cita o Independent.

Também a Aliança Democrática classificou os comentários como “humilhantes” e um "atentado à dignidade do povo” sul-africano, prometendo levar o caso à comissão de serviços jurídicos, órgão equivalente ao Conselho Superior de Magistratura em Portugal.

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