Portugueses envolvidos em naufrágio no Atlântico Sul estão de boa saúde na Cidade do Cabo - TVI

Portugueses envolvidos em naufrágio no Atlântico Sul estão de boa saúde na Cidade do Cabo

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  • 27 out 2020, 14:06
Ondas (Lusa/EPA)

Sobreviventes foram resgatados na semana passada da estação meteorológica sul-africana na ilha de Gough

 A tripulação portuguesa sobrevivente do navio Geo Searcher, naufragado há duas semanas no arquipélago de Tristão da Cunha, Atlântico Sul, encontra-se de "boa saúde" na Cidade do Cabo, disse esta terça-feira à Lusa um dos sobreviventes.

Os cinco técnicos navais portugueses, e a restante tripulação de 62 elementos, iniciaram um período de quarentena num hotel da Cidade do Cabo, onde aguardam pelos resultados do teste à covid-19 realizado na embarcação de resgate pelas autoridades da saúde à chegada ao porto da capital sul-africana, adiantou Daniel Silva, 48 anos.

O técnico naval português, eletricista de profissão e oriundo da Gafanha da Nazaré, sublinhou à Lusa que os outros quatro técnicos portugueses que o acompanhavam na pesca da lagosta a bordo do Geo Searcher, encontram-se também de "boa saúde" e com a expectativa de serem repatriados para Portugal dentro de duas semanas.

Os sobreviventes do naufrágio, referiu, foram resgatados na semana passada da estação meteorológica sul-africana na ilha de Gough, que conseguiram alcançar por meios próprios, a cerca de 2.500 quilómetros do Cabo da Boa Esperança, pelo navio sul-africano de investigação científica SA Agulhas II, que atracou às 18:00 (16:00 de Lisboa) desta segunda-feira no porto da Cidade do Cabo.

O que aconteceu é o que estamos sujeitos todos os dias. O navio larga as linhas e depois tem que as ir recolher, e muitas vezes as linhas deslocam-se mais para junto à costa do que onde foram largadas, e o navio tem que ir mais junto à pedra. Foi num dos sítios onde passamos muitas vezes mas naquele dia o navio rasgou o casco, bateu numa pedra", relatou Daniel Silva.

 

Isto eram exatamente oito horas da manhã, ia entrar de serviço para a casa da máquina nessa altura, e quando estava para sair do camarote ouvi duas pancadas secas. Entretanto o chefe de máquinas já vinha com a informação de que não havia nada a fazer porque a casa da máquina já estava a inundar", descreveu.

O técnico naval português, que era o eletricista do navio, sublinhou à Lusa que depois do embate, o afundamento do navio "foi rápido" e que "às 10 horas da manhã o navio já estava dentro de água".

De acordo com Daniel Silva, a tripulação do Geo Searcher conseguiu salvar-se recorrendo a quatro botes a motor, que habitualmente usam para pescar mais junto à ilha, em locais onde o navio não chega, e que "por sorte estavam na água"; às balsas salva-vidas e a uma lancha rápida que, entretanto, se virou com nove pessoas.

Ainda estive na água cerca de 25 minutos à espera que me viessem buscar", referiu.

O naufrágio do navio 'Geo Searcher', ocorreu na tarde de quinta-feira, 15 de outubro, a 16 quilómetros da ilha de Gough, uma ilha vulcânica do arquipélago de Tristão da Cunha, no Atlântico Sul, afirmou.

Daniel Sila adiantou que o navio, registado em Belize, com 69 metros de comprimento, encontrava-se há dois meses na pesca da lagosta com 62 tripulantes a bordo.

O navio, com quotas de pesca da lagosta entre várias ilhas, era uma embarcação norueguesa de pesquisa marítima que foi adaptada em 2017, em Gdansk, Polónia, para a pesca da lagosta, e efetuava também o transporte de bens e passageiros entre Tristão da Cunha e a África do Sul, o território continental mais próximo.

A ilha de Gough faz parte do arquipélago britânico de Tristão da Cunha, situado no meio do Atlântico Sul, a 2.000 quilómetros de Santa Helena, a ilha habitada mais próxima, e a cerca de 2.500 quilómetros da Cidade do Cabo, no sul da África do Sul.

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