Metade de Angola e Moçambique vive sem água potável - TVI

Metade de Angola e Moçambique vive sem água potável

  • PD
  • 20 mar 2017, 14:27
Luanda (Reuters)

Problema afeta mais de 10% da população mundial, que causa a morte a 4500 crianças por dia. África é o continente mais afetado, segundo relatório do Conselho Mundial da Água

Metade das pessoas em Angola, Moçambique ou Guiné Equatorial, nações da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, não têm acesso a água potável, um problema que afeta mais de 10% da população mundial e está na base de 3,5 milhões de mortes anuais.

O Conselho Mundial da Água - WWC, na sigla em inglês - que junta mais de 300 entidades de 50 países, refere haver mais de 923 milhões de pessoas sem acesso a água potável.

O problema afeta 319 milhões de pessoas na África subsaariana (32% da população da região), 554 milhões na Ásia (12,5%) e 50 milhões na América do Sul (8%), uma situação responsável pela morte de 4.500 crianças por dia.

Entre estas regiões, a Papua Nova Guiné tem a menor disponibilidade, com apenas 40% da população a ter acesso a água potável", seguindo-se "a Guiné Equatorial com 48%, Angola com 49%, Chade e Moçambique com 51%, a República Democrática do Congo e Madagáscar com 52% e Afeganistão com 55%", refere um comunicado divulgado pelo WWC.

Água com impacto económico

Aproveitando o Dia Mundial da Água, que se assinala na quarta-feira, o WWC alertou todos os governos para a urgência de resolver este problema e realçou que "o custo total da insegurança da água para a economia global é avaliado em 500 mil milhões de dólares", cerca de 465 mil milhões de euros.

Mas, se for incluido o impacto ambiental, esse valor pode aumentar para 1% do produto interno bruto (PIB) global.

Além do custo económico, a falta de água potável está relacionada doenças que causam 3,5 milhões de mortes por ano, mais do que aquelas causadas por acidentes de viação e pela SIDA, em conjunto, segundo as contas da organização.

Pode também contribuir para a fome, guerras e migrações "irregulares e descontroladas", havendo uma "absoluta necessidade" de aumentar a segurança da água para ultrapassar os desafios colocados pelas alterações climáticas e pelas efeitos da atividade humana.

A organização reafirma que o acesso das pessoas ao saneamento e a água potável "são prioridades fundamentais para os governos locais e regionais", a fim de alcançar um dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o que só pode ser alcançado "com um bom governo local, gestão sustentável dos recursos naturais e urbanização eficaz".

Assim, a WWC "encoraja os governos e os cidadãos a aumentar a segurança hídrica nos seus países, assim como prestar auxílio às nações com maiores dificuldades, nomeadamente na África subsaariana e Ásia".

Morre uma em cada cinco crianças

Um dos objetivos da ONU é de que todas as pessoas tenham acesso a água potável e saneamento até 2030.

Nas contas do WWC, é necessário um investimento anual de cerca de 650 mil milhões de dólares (cerca de 604 mil milhões de euros), até 2030, para garantir a concretização das infraestruturas necessárias para alcançar a segurança universal da água.

O Dia Mundial da Água deste ano é dedicado ao desperdício deste recurso e o presidente do WWC, Benedito Braga, citado no comunicado, resume a situação dizendo que "cerca de 90% das águas residuais do mundo são despejadas no ambiente sem tratamento, mais de 923 milhões de pessoas no mundo não tem acesso a água potável e 2,4 mil milhões de pessoas não têm saneamento adequado".

Todos os anos uma em cada cinco crianças com idade inferior a cinco anos morre prematuramente devido a doenças relacionadas com a água e quase 40% da população mundial já enfrenta problemas de escassez de água e pode aumentar para 66% em 2025" a que acresce cerca de 700 milhões de pessoas a viver em áreas urbanas sem instalações sanitárias seguras, acrescentou.

O Conselho Mundial da Água está a organizar o 8.º Fórum Mundial da Água, que vai realizar-se em março de 2018, em Brasília, capital brasileira, e terá cerca de 30 mil participantes.

Continue a ler esta notícia