O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, foi esta quinta-feira agredido durante a participação num programa de rádio no Brasil.
Tudo começou quando Glenn Greenwald discutia com o jornalista brasileiro Augusto Nunes, colunista da revista Veja e conhecido pelas suas posições conservadoras e pelas críticas que fez à investigação "Vaza Jato" da equipa do The Intercept Brasil, que colocou em causa a imparcialidade dos investigadores da operação Lava Jato. Greenwald foi um dos autores da investigação que atingiu o juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça de Bolsonaro.
O programa "Pânico", na rádio Jovem Pan, convidou Greenwald para uma entrevista, mas sem o jornalista americano saber levou para estúdio também Augusto Nunes, que sugeriu que o tribunal de menores investigasse a forma como Greenwald e o seu marido, o deputado David Miranda, educam os seus filhos.
A meio da conversa, Greenwald chama "cobarde" a Augusto Nunes três vezes, ao que o brasileiro, após empurrões mútuos, responde com um murro. De seguida, ambos se levantam e a troca de insultos e empurrões prossegue até que jornalistas da rádio Jovem Pan os separaram e interrompem o programa.
BREAKING NEWS: @theintercept journalist @ggreenwald was punched by VEJA columnist Augusto Nunes after calling him "coward". The scuffle happened during a program on radio station Jovem Pan #BrazilianReport #AugustoNunes #GlennGreenwald pic.twitter.com/0GI0nMUHbP
— The Brazilian Report (@BrazilianReport) November 7, 2019
"O que ele fez foi a coisa mais feia e suja que alguma vez testemunhei na minha carreira como jornalista", disse Greenwald.
Greenwald despertou a ira dos apoiantes do governo de Jair Bolsonaro por ter divulgado uma série de reportagens chamada "Vaza Jato", onde foram revelados procedimentos ilegais dos investigadores da Lava Jato e do então juiz da operação, Sergio Moro, hoje ministro do governo, nomeadamente no processo que levou Lula da Silva para a prisão
No Twitter , o filho de Jair Bolsonaro expressou o seu apoio a Augusto Nunes. Eduardo Bolsonaro, deputado, disse que Augusto Nunes "reagiu como qualquer pessoa normal com sangue nas veias poderia reagir".
Fato que Augusto Nunes reagiu em legítima defesa de sua honra. Ninguém é obrigado a ser violentado a todo momento com distorções de suas falas, ser xingado na cara e aceitar. @augustosnunes não teve opção. Reagiu como qualquer pessoa normal com sangue mas veias poderia reagir.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) November 7, 2019
Na mesma plataforma, Glenn Greenwald pronunciou-se sobre Augusto Nunes e o apoio do movimento Bolsonarista ao uso da violência na política, considerando que é "perigoso para a democracia".
Sobre Augusto Nunes e o apoio do movimento Bolsonarista ao uso da violência na política. Violência no debate político é a mentalidade fascista e muito perigoso pra democracia pic.twitter.com/vFrhn6FlPI — Glenn Greenwald (@ggreenwald) November 7, 2019
O jornalista americano foi também o fundador do site que denunciou o escândalo do sistema de vigilância americano da NSA, conhecido como Caso Edward Snowden, que lhe valeu um Pulitzer, a maior distinção do jornalismo norte-americano.