A vida de Julius Fromm, um filho de judeus russos emigrados para Berlim que, há quase 100 anos, inventou o preservativo, e mais tarde seria expropriado pelo regime nazi, foi passada a livro por dois jornalistas alemães, informa a agência Lusa.
Fromm só tinha frequentado a instrução primária, na viragem para o Século XX, na grande metrópole alemã, mas mais tarde inscreveu- se num curso nocturno para aprender Química e teve a ideia de fabricar preservativos, passando rapidamente à fase de industrialização.
«Foi numa época em que ocorreu uma grande liberalização dos costumes, e por isso Fromm chegou ao mercado na altura certa», afirmou esta segunda-feira, em Berlim, na apresentação do livro, um dos dois autores, Michael Sonntheimer.
Nos bordéis do exército, o uso do preservativo passou a ser obrigatório, os médicos militares zelavam para que as doenças venéreas não se propagassem, e foi assim que a gente simples, os filhos dos camponeses, souberam pela primeira vez que havia meios contraceptivos, e como é que deviam usá-los.
Fromm chamou à sua firma Fromms Act, dando ao nome um duplo significado, numa alusão clara ao acto sexual.
Além de artigos de borracha de toda a espécie, na Fromms Act produziam-se preservativos, à impressionante média de 150 mil por dia.
O que começou por ser uma fabriqueta em que só trabalhava o dono depressa se tornou uma empresa moderna, com centenas de trabalhadores.
O método inventado por Fromm, e que ainda hoje se utiliza, era simples, mergulhar tubos de vidro numa solução de borracha, que depois de arrefecer e secar formava preservativos finos e sem costuras.
Quando os nazis subiram ao poder, em 1933, Fromm pensava que seria poupado, porque tinha nacionalidade alemã.
Mas não foi assim. Fromm foi obrigado a vender por uma quantia irrisória a sua fábrica à segunda figura do regime nazi, o marechal Hermann Goering, e refugiou-se em Inglaterra.
Depois da II Guerra Mundial, a família Fromm requereu a devolução da fábrica, situada em Berlim-leste, mas as autoridades comunistas confiscaram-lhe as instalações, desta vez por o consideravam um capitalista.
Os filhos de Fromm abriram um novo negócio em Inglaterra, mas tiveram de comprar os direitos da sua própria marca, dos preservativos inventados pelo pai.
Quanto a Julius Fromm, alegrou-se tanto com a queda do regime nazi, que teve um ataque cardíaco, e faleceu três dias após o fim da guerra, a 11 de Maio de 1945, em Berlim.
Vida de inventor do preservativo em livro
- Portugal Diário
- 26 fev 2007, 17:50
Julius Fromm chegou a produzir 150 mil contraceptivos por dia
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