A experiência do primeiro ocidental a estudar na Coreia do Norte - TVI

A experiência do primeiro ocidental a estudar na Coreia do Norte

Alessandro Ford foi o primeiro ocidental a estudar na Coreia do Norte

Alessandro Ford esteve no país mais isolado do mundo durante seis meses. Era vigiado pelos colegas, não podia faltar ao respeito à família do "querido líder" e só podia contactar a família uma vez por semana,

O jovem Alessandro Ford esteve na Coreia do Norte durante seis meses e pensa-se que terá sido o primeiro ocidental a estudar naquele que é considerado o país mais fechado do mundo. Era vigiado pelos colegas, tinha de se curvar perante a estátua do "querido líder" e só podia contactar a família uma vez por semana, através de um telefonema de dez minutos O estudante de 18 anos, da Bélgica, contou à BBC e ao The Guardian a sua experiência neste país.

A sua passagem pela Coreia do Norte ocorreu entre agosto e dezembro do ano passado. Alessandro decidiu fazer um “ano zero”, isto é, tirar um ano para viajar e conhecer outras culturas antes de ingressar na universidade. Algo que é, de resto, muito frequente entre os estudantes no estrangeiro. O que já é raro é escolher um país tão peculiar como a Coreia do Norte. E graças à ajuda do pai, um antigo membro do Partido Trabalhista britânico, Glyn Ford, que efetuou várias viagens diplomáticas a este país, conseguiu mesmo concretizar a sua ideia.

Viveu com outros jovens norte-coreanos que estavam encarregues de o vigiar. Os colegas não podiam, por exemplo, deixá-lo sair da escola sozinho.

“Jogávamos futebol juntos, bebíamos juntos, comíamos juntos. Passava bons momentos com pessoas que me monitorizavam por isso era uma relação estranha.”




Uma das suas obrigações era demonstrar respeito pelo "querido líder" Kim Jong-un. Quando ele e os colegas passavam pela sua estátua, a caminho da escola, tinham de ficar quietos durante uns momentos e tinham de se curvar perante a mesma. 

 Os retratos de Kim e do pai estavam presentes em todos os quartos da residência, incluindo o seu. 

“Havia retratos dos dois líderes em cada quarto, incluindo o meu. O meu colega tinha de os tirar e limpar todos os dias. Uma vez estava a atirar uma bola de ténis e ela voou para muito próximo de um dos retratos. Ele pegou logo na bola, atirou-a para fora da porta e disse-me que não podia fazer aquilo.”


O entretenimento ocidental era proibido. Apesar de ter partilhado algumas músicas estrangeiras com os colegas, estes não gostavam de cantores como Eminem ou Linkin Park. “Preferiam músicas sobre o estado, o país ou a família”.





As notícias são controladas pelo Estado e, por isso, Alessandro só sabia o que se passava no mundo pela ótica norte-coreana.

“Toda a gente no meu dormitório acreditava nas notícias que diziam que o Ébola tinha sido criado pela CIA como uma arma para destruir um país que ainda não tinha nome e que a CIA tinha perdido o controlo sobre o vírus. Perguntei aos meus amigos se acreditavam naquilo e e eles responderam 'Claro, se as noticias dizem que sim, por que é que as noticias iam mentir'"?


O contato com o exterior só acontecia uma vez por semana: durante 10 minutos podia falar com a mãe ao telefone.

Para o jovem belga, os direitos humanos dos norte-coreanos são violados e o resto do mundo devia tentar comunicar com a Coreia do Norte porque o isolamento não funciona.

“Aqui na Europa e no Ocidente, a imagem que temos da Coreia do Norte é a que vemos em filmes como Team America ou The Interview e nunca percebemos o outro lado da historia."  

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