Tsipras apelou ao "não", contrariando a intenção das instituições europeias, considerando que o "não" abre caminho a um melhor acordo com os credores e reforça a sua posição nas negociações. "O 'não' não é apenas um slogan, é um passo decisivo para um melhor acordo", insistiu, num discurso divulgado pelo próprio na rede social Twitter.
#ΟΧΙ (NO) is not just a slogan. NO is a decisive step toward a better deal. #Greece #dimopsifisma #Greferendum
— Alexis Tsipras (@tsipras_eu) July 1, 2015
O governante reiterou, inclusive, que só o anúncio do referendo fez com que os credores "apresentassem melhores propostas" para a resolução da crise grega.
Tsipras defendeu que "a democracia não é um golpe de estado" e que, nesse sentido, o "não" no referendo não significa uma divisão com a Europa, mas "o regresso aos valores europeus"."Um veredito popular é muito mais forte que a vontade de um Governo. Depois do anúncio do referendo, recebemos melhores propostas, especialmente no que respeita à reestruturação da dívida", contou.
O primeiro-ministro insistiu que o referendo "nada tem a ver com a saída da zona euro" e que a Grécia "continua à mesa de negociações"."É inaceitável que a Europa da solidariedade force o encerramento dos bancos como resposta à decisão do Governo grego em deixar o povo decidir", condenou.
"Na segunda-feira após o referendo, o Governo estará à mesa das negociações com melhores condições para oferecer ao povo grego”, garantiu, sublinhando: " Aqueles que dizem que temos um plano secreto para a Grécia deixar o euro estão a mentir".
Tsipras assegurou ainda aos gregos que os salários e pensões "estão a salvo", bem como os depósitos, um caminho do qual o Governo de Atenas não abdica.
Para o fim, Tsipras reservou um "sincero agradecimento ao povo grego pela sua calma e contenção""Um acordo socialmente justo é aquele que põe o fardo nos ombros de quem pode e não, uma vez mais, nos trabalhadores e pensionistas", defendeu, destacando: "Temos estado a negociar intensamente nos últimos meses para proteger as vossas pensões e para proteger o vosso direito a uma pensão decente."
Esta declaração surge numa altura em que a Grécia se prepara para aceitar a proposta dos credores que estava em cima da mesa no fim-de-semana passado, com algumas alterações, segundo uma carta que o primeiro-ministro enviou na terça-feira à noite aos líderes europeus, a que o Financial Times teve acesso.
Uma posição que não convence alguns parceiros europeus, nomeadamente a Alemanha, que, de acordo com a chanceler alemã Angela Merkel, garante que "antes do referendo [de domingo], não haverá acordo" .
Já hoje o presidente francês apelou à concórdia entre os países da moeda única, dizendo que a vontade de permanecer no euro não tem de estar apenas do lado grego.
Nesta quarta-feira foram também revelados documentos secretos do Fundo Monetário Internacional, de que as novas medidas de austeridade a aplicar à Grécia não resolvem a dívida até 2030.
Na iminência de um terceiro resgate, saiba para onde foi o dinheiro até agora emprestado à Grécia.