Leite, farinha, arroz e frango «desapareceram» - TVI

Leite, farinha, arroz e frango «desapareceram»

  • Portugal Diário
  • 20 jan 2008, 21:41
Comida (arquivo)

Venezuela: problemas de abastecimento alimentar intensificaram-se

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Os problemas de abastecimento alimentar intensificaram-se nas últimas semanas, com o desaparecimento das prateleiras dos supermercados de produtos como o leite, queijos, ovos, açúcar, farinha de trigo, frango e ovos, entre outros, noticia a Lusa.

A agravar a situação, quando alguns destes produtos reaparecem momentaneamente, os preços de venda são superiores aos fixados pelo Governo, nalguns casos são 40 por cento mais altos que em Dezembro de 2007, altura em que a inflação acumulada, segundo o Banco Central da Venezuela, atingiu os 22,5 por cento.

Falta de produtos afecta comunidade portuguesa

A falta de produtos - que o Governo diz ser manipulada pelos meios de comunicação e os políticos de oposição - afecta também as famílias portuguesas que passaram a ter que dispensar mais tempo semanal para ir «à caça» do que necessitam, muitas vezes sem sucesso, como é caso de Cisaltina Teixeira.

Nascida no Funchal, Madeira, há 45 anos e radicada na Venezuela há mais de 30 anos, Cisaltina Teixeira teve que visitar, sábado e domingo, as sucursais dos supermercados Central Madeirense, Unicasa, Plazas e Cada, no leste de Caracas, para conseguir a maioria dos produtos que necessitava.

«Em nenhum deles consegui leite homogeneizado nem em pó. Também não encontrei arroz nem frango. Queijo só consegui de uma marca que não estou habituada a comprar», disse à Agência Lusa, salientando que, enquanto «antes dedicada umas três horas da manhã dos sábados para ir ao supermercado», agora passa «quase 10 horas semanais há procura dos produtos».

«Ainda assim vou comprando uma coisinha aqui e outra acolá mas nunca consigo tudo», acrescentou.

Falta de produtos afecta proprietários das padarias

A falta de produtos afecta também os proprietários das padarias, que têm reservas de «sémola de trigo» apenas para algumas semanas. Obrigados pelas autoridades a vender o pão a um preço fixo foram agora forçados a limitar a quantidade de pão diário que produzem.

«Em Dezembro, a troco de um obséquio monetário, consegui que me vendessem farinha de trigo, mas agora só tenho stock para 15 dias e o meu fornecedor não sabe quando poderá abastecer-me novamente», disse à Lusa o proprietário de uma padaria, no município Libertador, Caracas, que exigiu o anonimato.

«As pessoas vêem de outros lados comprar pão, porque não conseguem por lá. Para poder aguentar um pouco optámos por reduzir a quantidade de pão e as vezes que amassamos», acrescentou este proprietário.

«Antes ao fim da tarde ainda tínhamos canillas (pão comprido), mas agora, pouco depois do (horário de almoço), já não há. Os nossos clientes já se estão a habituar que têm que comprar o pão cedinho ou não conseguem nada», sublinhou.

Autoridades atribuem falta de produtos ao contrabando

As autoridades venezuelanas atribuem a falta de produtos a uma maior demanda, ao contrabando de empresários que os exportam para a Colômbia e ao açambarcamento.

Os empresários queixam-se de dificuldades e burocracia na obtenção de divisas para importar e de que a Venezuela se está a transformar num país cada vez mais dependente das importações, por uma alegada falta de estímulo à produção nacional.

Na Venezuela está vigente, desde 2003, um controlo cambial que impede a livre troca de moeda estrangeira no país.
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