Neutralidade carbónica, fim do carvão e a meta dos 1,5 graus. O que sai do G20 e lança a COP26 - TVI

Neutralidade carbónica, fim do carvão e a meta dos 1,5 graus. O que sai do G20 e lança a COP26

China, Estados Unidos e Rússia entre os países que fazem o compromisso

Os líderes das 20 maiores economias do mundo chegaram este domingo a um acordo em que manifestam a intenção de limitar o aumento da temperatura média a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.

A informação está a ser avançada pela agência AFP, que cita fontes ligadas à reunião que decorreu em Roma.

Além de se comprometerem com a meta, os líderes destes países prometem "ações consequentes" contra a emergência climática nos próximos dez anos. Foi ainda acordado que a neutralidade carbónica deve ser atingida "a meio do século", ainda que não tenha sido referida uma data específica, quando muitos países apontam para 2050 como o ano limite para a meta.

De acordo com o comunicado oficial do grupo, os membros comprometem-se também a acabar com o financiamento público de energia gerada a carvão, ainda que não tenham dado um limite, no que foi visto como um claro sinal para China e Índia, economias altamente dependentes daquele combustível fóssil.

Temos de acelerar a saída do carvão e investir mais em energias renováveis", afirmou o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi.

Citado pela agência Associated Press, um oficial da comitiva francesa confirma o acordo para 1,5 graus, acrescentando que os países do G20 continuam a trabalhar na meta que prevê um financiamento de 100 mil milhões de dólares (cerca de 86 mil milhões de euros) para ajudar os países mais pobres a lidarem com as alterações climáticas.

Falando sobre a neutralidade carbónica, a mesma fonte refere que "meio do século" significa "2050 se quisermos ser rigorosos, mas, dada a diversidade dos países do G20, significa que todos acordam com um objetivo comum enquanto lhes é dada alguma flexibilidade".

A China, por exemplo, não se fez representar pelo primeiro-ministro Xi Jinping em Roma. Ainda assim, o líder do governo admitiu que o país só prevê atingir a neutralidade carbónica em 2060.

Também a Bloomberg, que cita o documento que saiu do G20, os países "continuam comprometidos com o Acordo de Paris e vão procurar fazer esforços para manter o aumento da temperatura num máximo de 1,5 graus".

Os ministros da Energia e do Meio Ambiente falharam um acordo no encontro realizado em julho deste ano em Nápoles, depois de China e Índia se terem negado a firmar um compromisso.

Os líderes presentes na capital romana chegam assim a um acordo que prevê ir mais longe do que o estabelecido no Acordo de Paris, em 2015, quando se cifrou como meta máxima os 2 graus, ainda que na altura se tenha falado que 1,5 graus seria o "ideal".

Este acordo é alcançado no dia em que começa a COP26, a Cimeira do Clima que se realiza em Glasgow, e na qual são esperados desenvolvimentos sobre a atuação contra as alterações climáticas.

Além de conjugar as maiores economias, o G20 tem também a maioria dos países mais poluentes, como são os casos de China, Estados Unidos ou Rússia, que assim se comprometem a uma meta ambiciosa.

Em conjunto, os 20 membros do G20 são responsáveis por 80% dos gases com efeitos de estufa.

 

ONU lança observatório de metano para travar aquecimento global

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) lançou, no âmbito da cimeira do G20, em Roma, o Observatório Internacional de Emissões de Metano, que visa promover ações para reduzir as emissões daquele gás de efeito estufa.

O observatório (IMEO, na sigla inglesa), que também é apoiado pela Comissão Europeia (CE), "irá melhorar a precisão dos relatórios e transparência pública das emissões de metano causadas pelo homem" e vai concentrar-se, inicialmente, no setor de combustíveis fósseis e, posteriormente, será estendido "a outros setores importantes, como a agricultura e resíduos ", explicou o PNUMA, em comunicado, citado pela EFE.

O órgão da ONU lembrou que “o metano lançado diretamente na atmosfera é mais de 80 vezes mais potente do que o CO2 [dióxido de carbono] num horizonte de 20 anos”.

Porém, dada a sua curta vida atmosférica (10 a 12 anos), reduzir as emissões de metano ”pode levar a uma descida mais imediata na taxa de aquecimento [do planeta].”

O diretor executivo do PNUMA, Inger Andersen, alertou que, para "evitar os piores efeitos das alterações climáticas”, é necessário "cortar as emissões de metano da indústria de combustíveis fósseis".

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