Dois membros da tribo Guajajara foram mortos na sexta-feira à noite durante uma emboscada alegadamente feita por madeireiros armados, na Amazónia brasileira, divulgou este sábado a Secretaria de Direitos Humanos do Governo do Maranhão e a imprensa local.
Entre os mortos está Paulo Paulino Guajajara, um dos denominados "Guardiões da Floresta", um grupo de indígenas dedicado a proteger a floresta amazónica da destruição ambiental.
Outro líder da tribo Guajajara, Laércio Souza Silva, ficou ferido e um madeireiro está desaparecido, acrescentou aquele organismo do governo do estado do Maranhão, no nordeste do país.
Segundo a versão da tribo, "o confronto partiu de uma emboscada" no município de Bom Jesus das Selvas.
Os guardiões Paulino e Laércio haviam se afastado da aldeia para buscar água quando foram cercados por pelo menos cinco homens armados" que terão disparado contra os indígenas, lê-se numa mensagem da Secretaria divulgada na rede social Twitter.
Emboscada de madeireiros a indígenas da TI Arariboia, no município de Bom Jesus das Selvas, resultou na morte de duas pessoas na noite desta sexta-feira (1). Entre elas, o indígena Guardião da Floresta, Paulo Paulino Guajajara. + pic.twitter.com/jDHylt7U5C
— Direitos Humanos MA (@DHMaranhao) 2 de novembro de 2019
Membros do programa de proteção dos defensores dos direitos humanos e equipas de segurança armadas foram enviadas para a região para averiguar o sucedido.
Segundo a organização não governamental Survival International, "pelo menos três guardiões já foram assassinados e muitos de seus parentes também foram mortos por madeireiros e grileiros [usurpadores que falsificam documentos para tomar posse de terras] que invadem seu território, a Terra Indígena Arariboia, que agora é a última área de floresta que resta na região".
Os autodenominados guardiões da tribo Guajajara (uma das mais numerosas no Brasil) são cerca de 180 e agem contra acampamentos de madeireiros que se dedicam a queimadas e ao corte ilegal de árvores.
A associação ambiental Greenpeace repudiou o sucedido e pediu ao Governo do Brasil que aja para evitar "mais conflitos e mais mortes" naquela região.
A ONG Human Rights Watch (HRW) expressou “profunda tristeza” pelo ocorrido, instando as autoridades a realizar “uma investigação completa e independente sobre o ataque”, e a “proteção imediata ao povo Tenetehara”.
O Brasil precisa adotar medidas urgentes contra os madeireiros que intimidam, ameaçam, atacam e até matam aqueles que, como Paulo Paulino e Laércio tentam proteger a floresta, que é património de todos os brasileiros”, declarou, em comunicado, César Muñoz, investigador sénior da HRW.