O ambiententalista céptico contra o resto do mundo - TVI

O ambiententalista céptico contra o resto do mundo

Bjorn Lomborg tem estado envolvido em várias polémicas nos últimos anos

Ele diz que os ursos polares não estão em risco, contrariando a ideia deixada por Al Gore no hipermediático documentário «Uma Verdade Inconveniente». Ele diz que o aquecimento global «não é o fim do mundo» e tenta avisar para outros problemas bem mais graves, exigindo um maior empenho por parte da comunidade internacional. Ele é Bjorn Lomborg, auto-intitulado «ambientalista céptico», um dinamarquês que está a agitar a discussão mundial.

Foi considerado pela TIME como uma das cem pessoas mais influentes no mundo e sempre que alguém nos Estados Unidos pretende rebater os argumentos de Al Gore convida Bjorn Lomborg. Sem medo de enfrentar a ideia dominante em relação ao aquecimento global, tem vindo a acumular ódios de estimação por todo o lado que passa. Assegura que não está a soldo de nenhum governo ou gasolineira, afirmando-se «liberal e vegetariano». Diz ser um pensador livre, preocupado com a sida, a malária, a pobreza e a má nutrição.

Aos 42 anos, este antigo elemento da Greenpeace não é um verdadeiro ambientalista. Não é formado em engenharia, mas em ciência política, assumindo um grande pendor para a economia, sendo professor-adjunto na «Business School» de Copenhaga (depois de ter leccionado estatística) e é director do Centro Consensus de Copenhaga, onde tenta encontrar soluções para os maiores problemas mundiais. Saltou para a ribalta em 2001, quando lançou «O Ambientalista Céptico», livro que serviu para lançar a discussão sobre a utilidade do Protocolo de Kyoto. Não foi preciso esperar muito para choverem as críticas e até as tartes de chantilly, como aconteceu na apresentação da sua obra numa livraria de Oxford.

Bjorn vive bem com estas críticas. Em entrevista ao PortugalDiário respondeu sempre com humor a quem o aponta como responsável por baralhar as mentes das pessoas. Quem teve oportunidade de assistir às suas performances, tanto na TV como na prestigiante conferência TED, percebe o porquê da eficácia da mensagem: para além de conseguir suscitar a dúvida sobre temas-chave, Lomborg a sua boa aparência e discurso fluente num inglês perfeito para encantar as massas. Recentemente provou estar preparado para tudo quando resistiu com um sorriso às investidas do humorista Stephen Colbert durante o seu programa na Comedy Central, o Colbert Report.

Desonestidade científica?

Um dos dados mais contestados por Lomborg é a subida das águas dos mares, que no documentário de Al Gore foi colocada num nível alarmante. O dinamarquês diz que nada o suporta e fala em números bem mais reduzidos, que não devem assustar ninguém, antes deve manter-nos atentos. Pois bem, os críticos de Bjorn apontam precisamente a falta de precisão nas suas apresentações como a grande falha.

Em 2003, foi mesmo acusado de desonestidade científica por parte dos seus compatriotas, numa intrincada investigação que nunca foi devidamente resolvida. Após o lançamento de «O Ambientalista Céptico» foram apresentadas queixas no Comité Dinamarquês de Desonestidade Cientifica, organismo pertencente ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A investigação avançou e em 2003 foi publicado um veredicto de desonestidade científica, ilibando Lomborg por este não possuir conhecimentos suficientes na área. Mas Bjorn recorreu para o Ministério, que encontrou erros na própria avaliação feita pelo Comité. A questão ficou a pairar no ar, sem resolução efectiva, mantendo a discussão entre a comunidade científica.

Quatro anos depois, surge «Cool It», um livro que promete manter a polémica acesa. Para já, suscitou a discussão nos Estados Unidos, onde tem recebido críticas muito negativas, mas também apoios insuspeitos. Preparado para enfrentar a Europa esta semana, Lomborg sabe que o caminho é longo, mas já começou a colher os seus frutos, simplesmente por conseguir suscitar a dúvida sobre o verdadeiro impacto do aquecimento global no nosso planeta.
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