Covid-19: reverendo diz que recebeu oferta para negociar vacinas com Governo do Brasil - TVI

Covid-19: reverendo diz que recebeu oferta para negociar vacinas com Governo do Brasil

  • Agência Lusa
  • CE
  • 7 jul 2021, 07:56
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil

O reverendo Amilton de Paula, líder religioso ligado à Igreja Batista e fundador da instituição privada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, disse que foi procurado pelo representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti, para tentar viabilizar a venda de 400 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca ao Ministério da Saúde brasileiro

Um reverendo brasileiro disse na terça-feira ao jornal O Globo que recebeu uma oferta de doação para ajudar a empresa Davati Medical Supply a fechar um contrato de venda de vacinas com o Ministério da Saúde brasileiro.

O reverendo Amilton de Paula, líder religioso ligado à Igreja Batista e fundador da instituição privada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), disse que foi procurado pelo representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti, para tentar viabilizar a venda de 400 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca ao Ministério da Saúde brasileiro.

Contudo, Segundo o reverendo, Dominguetti não mencionou o valor da doação que a Senah receberia em troca da ajuda nas negociações.

Amilton de Paula chegou a ser autorizado pelo Ministério da Saúde a intermediar a venda de vacinas contra a covid-19, apesar de não ter nenhuma ligação direta ao Governo, segundo revelou a rede Globo.

Já Luiz Paulo Dominguetti tem estado sob escrutínio no Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que decorre no Senado brasileiro e que investiga falhas do Governo na gestão da pandemia, após ter revelado que foi alvo de uma tentativa de suborno em troca de um contrato com o Governo brasileiro.

Dominguetti disse que o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde do Brasil, Roberto Ferreira Dias, e outros funcionários ligados ao Governo reuniram-se consigo para negociar 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca, fornecidas pela Davati, em fevereiro, e lhe pediram suborno de um dólar por dose para dar andamento ao contrato de compra do imunizante.

Dominguetti alegou ter recusado pagar suborno e, por isso, as negociações não se concretizaram. Já Roberto Ferreira Dias foi exonerado do cargo após a revelação da polémica.

Durante o seu depoimento na CPI, na semana passada, os senadores acabaram por apreender o telemóvel de Dominguetti e a Comissão retirou nesta terça-feira o sigilo das mensagens encontradas no aparelho.

Apesar de Dominguetti ter afirmado que recebeu pedido de suborno para fechar contrato com o Ministério da Saúde, mensagens do seu telemóvel a que a rede Globo teve acesso mostram que o representante da Davati também negociava uma comissão de vinte e cinco centavos de dólar por dose de vacina vendida.

O material ainda está sob perícia e uma análise preliminar já identificou cerca de 900 caixas de diálogos em aplicações de mensagem no telemóvel.

Apesar da Davati Medical Supply tentar negociar vacinas da AstraZeneca, a farmacêutica não autoriza intermediários a comercializar os seus imunizantes.

Segundo o jornal O Globo, a Davati é investigada no Canadá por uma oferta falsa de vacina.

A polémica em torno das negociações da vacina da AstraZeneca soma-se às supostas irregularidades no contrato para aquisição de 20 milhões de doses imunizante indiano Covaxin e que têm deixado o Governo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, sob suspeitas de corrupção desde o mês passado.

Entre outros pontos suspeitos, como pressões para finalizar os trâmites de compra da vacina, na negociação ficou acertado que uma empresa sediada em Singapura deveria receber parte do pagamento, mesmo não constando no contrato. O Ministério Público e a Polícia Federal estão a investigar o caso.

O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 526.892 mortes e mais de 18,8 milhões de casos positivos de covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.987.613 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 184,1 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France- Presse.

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