Um Brexit sem acordo pode prejudicar mais a economia do Reino Unido do que a covid-19. O alerta foi dado pelo Governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, que acredita que os problemas podem vir a arrastar-se por muitos anos no país.
Acredito que os efeitos a longo prazo do Brexit serão maiores do que os efeitos a longo prazo da covid-19”, afirmou o Governador do Banco de Inglaterra, questionado por um deputado sobre que cenário prevê, caso o governo britânico não complete o acordo com a União Europeia antes do prazo de 31 de dezembro.
Citado pela estação televisiva CNN, Andrew Bailey lembrou que a “economia real” demora mais tempo para “ajustar-se a mudanças” na abertura dos mercados e os efeitos da ausência de um acordo podem mesmo ser muito nocivos para o país.
O Governador comparou a sua leitura com uma análise feita pelo Banco de Inglaterra durante a adoção do Euro, que sugeria que o Reino Unido poderia demorar “30 a 40 anos” a adaptar-se, caso decidisse trocar a Libra Esterlina pelo Euro.
No início de novembro, o Banco de Inglaterra previu que a economia britânica sofra uma contração de 11% em 2020. No entanto, a grande maioria dos economistas britânicos está otimista e prevê uma recuperação rápida.
Recorde-se que o Reino Unido deixou a União Europeia em janeiro, no entanto, a relação comercial entre ambos mantém-se inalterada durante o período de transição, que termina no final deste ano. As negociações têm assistido a um aumento do ritmo, mas o progresso tem sido lento, com várias “diferenças fundamentais” ainda por resolver.
A presidente da Comissão Europeia afirmou nesta quarta-feira, perante o Parlamento Europeu, em Bruxelas, que houve “progressos genuínos” nas negociações com o Reino Unido sobre as relações pós-Brexit, mas disse ser uma incógnita se haverá ou não acordo.
Num debate no hemiciclo sobre o próximo Conselho Europeu, de 10 e 11 de dezembro, Ursula von der Leyen fez questão de começar por fazer o ponto da situação sobre as negociações com Londres, matéria “que seguramente também vai estar na agenda” da cimeira.
Estes são dias decisivos para as nossas negociações com o Reino Unido, mas, francamente, não estou em condições de dizer hoje se no final vai haver um acordo”, declarou a dirigente alemã.