Andros Townsend, jogador do Crystal Palace, conta, num texto publicado na Players Tribune, fala sobre o seu vício em apostas online, que levou a que fosse suspenso pela Federação Inglesa em 2013.
Num testemunho em que fala sobre a dor da morte do irmão, o jogador começa por dizer: «Não bebo. Não me drogo. Acho que nunca entrei numa discoteca na vida. Ainda assim consegui perder 55 mil euros só com um toque no meu telefone e nem tive de sair do meu quarto. Devo ser o único tipo da história a perder 55 mil euros deitado na cama numa quarta-feira à noite em Blackpool.»
«Esta não é uma história de golden boy, vamos deixar já isso esclarecido», frisa.
Townsend conta então como começou o vício do jogo. «Lembro-me precisamente de onde estava quando fiz a minha primeira aposta. Estava aborrecido num quarto de hotel qualquer na noite antes de um jogo e vi na televisão um anúncio de uma app de apostas. Fiz o download e fiz uma pequena aposta para passar o tempo. Em poucos meses estava fora de controlo.»
«É a minha personalidade. A maioria das pessoas consegue apostar 10 euros ao fim-de-semana e não pensar mais nisso, mas tudo o que eu faço consome-me completamente. Se me venceres no FIFA vou jogar sem parar até conseguir destruir-te. Se me venceres no ténis de mesa ou nos dardos, vou jogar o tempo todo durante um mês até voltar e destruir-te. Tenho de ser bom em tudo o que faço. Fiz o mesmo nas apostas, mas não funciona assim e só perdia. Tentava tirar-me do buraco, mas estava viciado», recorda.
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«Lembro-me quando estava no Birmingham na noite da véspera da meia final do playoff. Estava deitado na cama a tentar descansar. Era o maior jogo da época, mas eu não conseguia dormir, só pegava no telefone e fazia mais apostas. Perdi 55 mil euros num só jogo nessa noite. Estava a perder 3 500 euros por semana», explica o jogador.
«Era suposto focar-me no futebol, aquilo de que gostava, mas só conseguia pensar: ‘Como posso recuperar o meu dinheiro’», conta Townsend.
«Só parei quando fui apanhado. Graças a Deus que fui apanhado. Fui acusado pela FA e podia ser banido do futebol, isso trouxe-me de volta à realidade», diz ainda, agradecendo o facto de a federação «ter percebido que não havia nada de irregular, apenas um erro estúpido de miúdo.»
«Fiz terapia e isso salvou-me a minha carreira, mas também me salvou como ser humano», acrescenta.