A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou esta quinta-feira que a Europa já não pode contar com os Estados unidos para “a proteger” e deve agora “tomar o seu destino em mãos”.
O tempo em que podíamos contar simplesmente com os Estados Unidos para nos proteger acabou”, disse a chanceler alemã na cerimónia de entrega do prémio Carlos Magno ao presidente francês, Emmanuel Macron, em Aachen, oeste da Alemanha.
A Europa deve tomar o seu destino em mãos, é o nosso desafio para o futuro”, acrescentou.
A situação no Médio Oriente, descreveu, “é verdadeiramente de guerra ou de paz”.
A escalada das últimas horas mostra-nos que é verdadeiramente de guerra ou de paz”, disse.
"Decidir por si própria"
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu um “forte multilateralismo” internacional e advogou que a Europa possa “decidir por si própria”, com uma política de segurança comum.
Estamos perante grandes ameaças e não podemos deixar que outros decidam por nós”, afirmou, na cerimónia em que recebeu o prémio europeu Carlos Magno, na presença da chanceler alemã, Angela Merkel, em Aachen, na Alemanha.
Se nós aceitarmos que outras grandes potências, incluindo aliados e incluindo amigos nas horas mais difíceis da nossa história, se coloquem em posição de decidir por nós a nossa diplomacia, a nossa segurança, às vezes fazendo com que corramos os piores riscos, então deixaremos de ser soberanos”, considerou Macron.
O presidente francês acrescentou: “Nós fizemos a escolha de construir a paz e a estabilidade no Próximo e no Médio Oriente. Outras potências, tão soberanas quanto nós, decidiram não respeitar a sua própria palavra. Devemos renunciar por isso às nossas próprias escolhas?”, questionou.
Emmanuel Macron nunca referiu o nome do Presidente norte-americano, com quem o chefe de Estado francês exibiu uma grande proximidade pessoal, durante a sua recente deslocação a Washington.
Donald Trump anunciou na terça-feira passada a saída dos Estados Unidos da América do acordo nuclear com o Irão, assinado em 2015, através do qual Teerão concordou reduzir o seu programa nuclear, mediante o levantamento de algumas sanções internacionais.
A administração norte-americana escolheu a opção mais radical, restaurando todas as sanções que haviam sido levantadas, mas a decisão também força empresas estrangeiras, incluindo as europeias, a escolher rapidamente se querem fazer negócios com o Irão ou com os Estados Unidos.
Em defesa do que chamou “soberania europeia”, Macron considerou que esse objetivo deve “fazer da Europa uma potência geopolítica, comercial, climática, económica, alimentar e diplomática”.
Macron foi hoje distinguido com o prémio Carlos Magno “pela sua visão de uma nova Europa” e a sua “atitude firme” contra o nacionalismo e o isolacionismo.