Liberal e aparentemente contrária a posições de outros membros do governo alemão, Angela Merkel defendeu esta quarta-feira o pleno direito à liberdade religiosa, incluindo o uso da burca. Para si, só há necessidade de restringi-lo em certos âmbitos da vida pública, onde o rosto descoberto é necessário, como a perante a Justiça.
Falando na Conferência Interparlamentar sobre Liberdade Religiosa, a decorrer em Berlim, realizada pela União Cristão-Democrata (CDU), o partido a que preside, e o partido congénere, União Social-Cristã da Baviera (CSU), Merkel foi clara ao afirmar que a liberdade religiosa implica “poder fazer-se expressão pública da mesma”.
Apesar da sua posição, Merkel admitiu que o uso do véu integral é “um grande obstáculo” à integração na sociedade alemã. Daí ter legitimado algumas restrições que a CDU/CSU quer impor ao uso da burca em espaços públicos.
A questão tem vindo a marcar a política alemã, com vários membros do executivo de Merkel, a baterem-se pela proibição do uso da burca islâmica, à semelhança do que foi instituído nalgumas cidades francesas.
Para analistas, a posição de alguns dirigentes democratas-cristãos alemães deve-se ao crescimento dos nacionalistas do partido radical de direita, AfD, que ultrapassou a CDU de Merkel nas recentes eleições regionais em Mecklemburg-Pomerânia Ocidental.