O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou hoje que "ainda não é demasiado tarde" para atender ao que considera a emergência climática mundial, mas advertiu que o tempo está a esgotar-se.
A emergência climática é uma corrida que estamos a perder mas que ainda podemos ganhar. A crise climática é provocada por nós e as soluções devem vir de nós. Temos as ferramentas: a tecnologia está do nosso lado", afirmou o português perante dezenas de líderes internacionais ao abrir a Cimeira da Ação Climática, que decorre hoje na sede da ONU.
António Guterres frisou que a cimeira de hoje não é para discursos nem negociações, mas para ação, com compromissos concretos.
Pouco antes do início da cimeira, a ONU anunciou que 66 Estados aderiram até agora ao objetivo de neutralidade carbónica em 2050. Os 66 países juntam-se a 10 regiões, 102 cidades e 93 empresas, unidos no objetivo de atingir a neutralidade (não emitir mais gases com efeito de estufa do que aqueles que se conseguem absorver) até meados do século, um objetivo fixado pelos cientistas para conter o aquecimento global.
O Acordo de Paris, alcançado em dezembro de 2015, estipula que os países têm de tratar de conseguir que o aumento global das temperaturas seja inferior a 2.º celsius (na pior das hipóteses, porque o ideal é impedir um aumento superior a 1,5 graus), em relação aos valores médios do século XIX, na era pré-industrial. Até agora a Terra já está um grau mais quente que esses valores de referência.
António Guterres, que convocou a cimeira, convidou a jovem ativista sueca Greta Thunberg, conhecida mundialmente pela iniciativa de greves estudantis contra a inação dos governos face às alterações climáticas.
Portugal subscreve compromisso para o oceano
Portugal subscreveu hoje em Nova Iorque um compromisso para a ação climática com base no oceano, informou o Governo, em comunicado.
O compromisso foi assinado pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, à margem da cimeira para a Ação Climática que está a decorrer nas Nações Unidas, numa iniciativa do secretário-geral, António Guterres.
No âmbito do documento hoje assinado Portugal compromete-se, nomeadamente, em investir no sequestro de carbono através de organismos marinhos, como as algas, e em classificar 30% do espaço marinho nacional como área protegida até 2030. Atualmente é 07%.
Portugal compromete-se também em produzir 10% da eletricidade consumida no país com base na energia eólica (produzida no mar) e nas ondas do mar até 2030. E vai assegurar ainda um sistema de infraestruturas nos portos para o fornecimento de combustíveis alternativos e de baixo carbono.
O país prometeu também que apresentará uma estratégia de sustentabilidade para o sistema portuário até 2020.
O compromisso, diz-se no comunicado, reforça o empenho do país “relativamente a metas ambiciosas de sustentabilidade e descarbonização como o Acordo de Paris ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
A assinatura foi feita na manhã de hoje no âmbito de um Painel de Alto Nível para uma Economia do Oceano Sustentável.
O painel junta para o propósito comum de combate às alterações climáticas com um enfoque em ações no Oceano, um total de 14 países. Além de Portugal fazem parte os seguintes países: Noruega, Austrália, Japão, Quénia, México, Namíbia, Chile, Indonésia, Palau, Fiji, Gana, Canadá e Jamaica.