Guterres insta líder birmanesa a permitir regresso de rohingya ao país - TVI

Guterres insta líder birmanesa a permitir regresso de rohingya ao país

  • AM
  • 14 nov 2017, 07:46
António Guterres e Aung San Suu Kyi

Mais de 600 mil rohingya fugiram da violência da Birmânia para o Bangladesh em apenas dois meses e meio

O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou hoje a líder de facto da Birmânia, Aung San Suu Kyi, a permitir o regresso ao país de centenas de milhares de rohingya que fugiram para o Bangladesh.

O encontro realizado à margem de uma cimeira regional na capital das Filipinas, Manila, veio reforçar a pressão internacional sobre a Nobel da Paz que hoje também vai reunir-se com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, que na quarta-feira vai visitar a Birmânia.

“O secretário-geral sublinhou que se afiguram essenciais crescentes esforços para permitir o acesso de ajuda humanitária, os regressos voluntários e contínuos com dignidade e em segurança, bem como uma verdadeira reconciliação entre comunidades”, anunciou a ONU num comunicado resumindo as palavras do diplomata português.

Mais de 600 mil rohingya fugiram da violência da Birmânia para o Bangladesh em apenas dois meses e meio.

Na noite de segunda-feira, durante a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Guterres tinha já invocado o destino dos rohingya, afirmando que o deslocamento de centenas de milhares de membros daquela minoria muçulmana constitui uma "escalada preocupante de uma prolongada tragédia", segundo um comunicado da ONU.

António Guterres advertiu ainda que a crise humana pode causar instabilidade regional e levar à radicalização.

O conservador bloco da ASEAN recusou discutir a crise de uma forma forte e crítica, mas fonte filipina indicou que pelo menos dois líderes levantaram a questão na segunda-feira.

A crise dos rohingya estalou em 25 de agosto após um ataque de um grupo rebelde daquela minoria muçulmana contra instalações policiais que foi seguido de uma vasta ofensiva militar.

O governo birmanês assegura que a violência foi desencadeada por "terroristas rohingya", mas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou a operação militar como "limpeza étnica".

Antes da campanha militar, os rohingya que habitavam no estado de Rakhine eram estimados em um milhão.

A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos rohingya, os quais sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.

Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais, além de enfrentarem uma série de privações, nomeadamente de movimentos. Em paralelo, o recrudescimento do nacionalismo budista nos últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por vezes mortíferos.

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