O antigo primeiro-ministro português António Guterres ficou à frente numa primeira votação secreta ocorrida esta quinta-feira entre os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para eleger o próximo secretário-geral da organização, disseram fontes diplomáticas à AFP.
O ex-Presidente esloveno Danilo Turk ficou em segundo lugar na votação que os representantes das 15 nações fizeram esta quinta-feira para escolher o sucessor de Ban Ki-Moon, de acordo com as mesmas fontes.
Neste momento, existem 12 candidatos ao cargo, metade dos quais mulheres.
O candidato português defendeu que o próximo secretário-geral da ONU tem de ser "sólido", um "símbolo de unidade" e que "precisa saber combater, e derrotar, o populismo político, o racismo e a xenofobia".
À chegada à reunião, a embaixadora norte-americana Samantha Power traçou o perfil do secretário-geral da ONU que deverá entrar em funções em janeiro.
Procuramos alguém dotado de grandes qualidades como dirigente, de uma grade competência enquanto gestor, alguém que esteja ligado à justiça e aos princípios das Nações Unidas. Escolher o melhor dirigente possível para esta organização é ainda mais importante quando há tanto a fazer”, lembrando a luta contra ao terrorismo, as mudanças climáticas ou a gestão de cerca de 100 mil capacetes azuis.
O embaixador francês, Delattre, comparou esta seleção “à do Papa, com o fumo negro ou branco”.
É essencial selecionar o melhor secretário-geral possível, homem ou mulher. Num mundo multipolar, o papel da ONU nunca foi assim tão importante”
Embaixador britânico Matthew Rycroft desejou “uma seceretário-geral forte”. “É o tempo ideal para uma mulher” aceder ao cargo, mas precisando que as qualidades de cada candidato, homem ou mulher, têm primazia. E a origem geográfica “é o critério menos importante”.
Nenhum dos três embaixadores deu qualquer indicação sobre o seu voto.
A organização espera ter encontrado o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o segundo mandato no final do ano, durante o outono.
Como se processa a escolha do próximo secretário-geral da ONU?
O processo de votação para a escolha do próximo secretário-geral das Nações Unidas decorre à porta fechada.
A eleição é realizada pelos membros permanentes do conselho de segurança, composto pela Rússia, Reino Unido, China, França e Estados Unidos, ao qual se juntam os dez membros não permanentes. Atualmente, os membros não permanentes são Angola, Egito, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Senegal, Espanha, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.
Cada um dos 15 países expressa, de forma sigilosa, a sua opinião sobre cada um dos candidatos, indicando se “encoraja”, desencoraja” ou “não tem opinião”.
Os votos são contabilizados e os resultados são anunciados no final de cada encontro do Conselho.
Nesta primeira ronda de votações, António Guterres recebeu 12 votos de encorajamento, seguido do esloveno Danilo Turk, que recebeu 11.
A segunda ronda de votações deve acontecer na próxima semana, mas ainda não é conhecida a data oficial. Em setembro, momento em que se realizará a assembleia geral da ONU espera-se que a lista de candidatos ao cargo de secretário-geral esteja reduzida a duas ou três pessoas.
A decisão final precisará de consenso entre os membros permanentes do Conselho, para se tornar oficial.
Quem são os principais candidatos ao cargo?
Pela primeira vez, a ONU abriu espaço para uma possível liderança no feminino. Metade dos candidatos são mulheres, mas isso não é decisivo no momento da escolha.
Além de Guterres, que liderou a agência da ONU para os refugiados, inclui-se na corrida a ministra dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Susana Malcorra, a antiga chefe do governo neozelandês e dirigente do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Helen Clark, e a ex-ministra dos Negócios Estrangeiros búlgara e diretora da UNESCO, Irina Bokova.
Susana Malcorra, ministra argentina, e Irina Bokova, da Bulgária, também estão na corrida, mas Ban Ki-Moon tem algumas reservas. Malcorra não satisfaz o atual secretário-geral das Nações Unidas no que respeita à posição declarada sobre a Coreia do Sul e Bokova levanta alguma hostilidade pela relação que mantém com a Rússia.