Associated Press diz que espionagem à agência «congelou» as fontes - TVI

Associated Press diz que espionagem à agência «congelou» as fontes

Associated Press

A recolha secreta de informação de 20 linhas telefónicas da AP foi realizada para investigar fugas de informação de questões de segurança

O presidente da Associated Press (AP), Gary Pruitt, afirmou sábado que a cópia por parte do Departamento de Justiça norte-americano de milhares de registos telefónicos dos seus jornalistas teve um «efeito congelador» para o jornalismo dentro e fora da agência.

«O mal está feito. As nossas fontes sentem-se nervosas a falar connosco. [As ações do Departamento de Justiça] esfriaram a realização de notícias e intimidaram as fontes tanto oficiais ou não», disse Gary Pruitt aos 300 participantes da Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa, que decorre em Denver, no Colorado.

A recolha secreta de informação de 20 linhas telefónicas da AP entre abril e maio de 2012 foi realizada para investigar fugas de informação de questões de segurança, de acordo com o Departamento de Justiça e estava relacionada com uma notícia publicada pela agência a 7 de maio de 2012 em que revelava que o Governo tinha frustrado um plano da Al-Qaeda para atacar um avião norte-americano.

De acordo com o presidente da AP tratou-se de uma ação «sem precedentes» e «tão secreta» que nenhuma das pessoas afetada percebeu que as linhas estavam a ser escrutinadas até, pelo menos, 90 dias depois dos factos, quando as autoridades federais informaram formalmente a agência.

Mas, explicou, o que se percebe agora, tanto na AP como noutras agências ou órgãos de comunicação social do país, é que as fontes já não querem partilhar informação, inclusivamente mostram relutância em manter contactos diretos.

«Têm medo de que o Governo os esteja a espiar e não falam. E talvez isso seja do agrado do Departamento de Justiça», ironizou.

Apesar da crítica internacional por diversas organizações de jornalistas, Gary Pruitt acrescentou problemas mais sérios: os Governos de certos países que exercem um apertado controlo à liberdade de expressão viram, com a ação do Departamento de Justiça, o seu controlo legitimado.

«Se o Governo dos Estados Unidos o faz, então deve ser bom e nós também o podemos fazer, disseram-me algumas pessoas», comentou o líder da agência norte-americana.

Gary Pruitt contou ainda que o Departamento de Justiça não informou por antecipação, como determina a lei, a direção da agência e salientou que uma imprensa livre «tem de ser um contrapeso para o crescente poder que a tecnologia confere aos Governos».
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