Cesariana a menina de 11 anos violada por marido da avó reabre discussão sobre aborto - TVI

Cesariana a menina de 11 anos violada por marido da avó reabre discussão sobre aborto

  • JFP
  • 28 fev 2019, 00:27
Enfermeiros

"Eu quero que tirem da minha barriga o que o velho lá pôs”, disse a menina na queixa apresentada às autoridades

Uma cesariana realizada a uma menina de 11 anos na Argentina reabriu a discussão sobre o aborto e está a dividir opiniões um pouco por todo o mundo. A criança foi violada pelo marido da avó naquele país da América do Sul onde as regras sobre a interrupção de gravidezes são rigorosas.

Eu quero que tirem da minha barriga o que o velho lá pôs”, disse a menina na queixa apresentada às autoridades da província de Tucumán, no norte do país.

A mãe e a menina fizeram um pedido de abordo às autoridades, num processo que se arrastou por sete semanas até que os médicos invocaram o direito de objeção à consciência. Naquele país, é costume as autoridades arrastarem estes casos até que a janela legal para proceder ao aborto seja passada.

A lei argentina permite, contudo, a interrupção em casos extremos como os de violação e naqueles em que a mãe está em perigo de vida.

Às 23 semanas, por se encontrar em perigo, os médicos consideraram fazer uma intervenção na menina de 11 anos, mas sem recorrer ao aborto. Decidiram fazer uma cesariana, escreve a agência France Presse.

Os interesses da criança deviam ter sido tidos em conta. Havia duas razões para fazer o aborto”, declarou a advogada da família, Cecilia De Bono.

O feto, já com cinco meses, foi retirado vivo da barriga da criança, mas os médicos acreditam que não tem grandes hipóteses de sobreviver. Dizem também os clínicos que recorreram à cirurgia porque “vaginalmente, não era possível”.

O corpo não está suficientemente desenvolvido para uma gravidez de 23 semanas, e mesmo que estivesse, ela não estava psicologicamente preparada para o parto, devido aos muitos abusos que sofreu”, esclareceu a ginecologista Cecilia Ousset, que participou na intervenção no hospital Eva Peron.

De acordo com o governo local, as ações foram decididas para por em prática “os procedimentos necessários para salvar as duas vidas”.

Em 2018, um projeto de lei para legalizar o aborto até às 14 semanas foi adotado pela Câmara dos Deputados, mas não passou no Senado, sob forte pressão da igreja daquele que é o país do atual papa, Francisco.

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