Médico de Maradona rompe silêncio: «Fiz sempre o melhor por ele» - TVI

Médico de Maradona rompe silêncio: «Fiz sempre o melhor por ele»

Maradona com o médico que o operou, Leopoldo Luque (Foto Sebastian Sanchi)

Leopoldo Luque conta que a relação que tinha com o antigo jogador era como a de um pai com um filho rebelde

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Leopoldo Luque, o médico de Diego Maradona, que pode vir a ser acusado de homicídio por negligência, recebeu os jornalistas em sua casa para apresentar a sua versão dos factos e chegou a emocionar-se no decorrer da conferência de imprensa. O médico de Maradona decidiu romper o silêncio, depois das buscas que foram feitas à sua casa e à sua clínica privada.

«Não me leram os meus direitos, nem estou informado sobre a acusação. Vieram aqui de forma inesperada depois de tudo o que aconteceu e de ter trabalhado com Diego da forma como o fiz», começa por destacar.

Leopoldo Luque explicou depois que não impediu as autoridades nas buscas, pelo contrário, até lhes facilitou o trabalho. «Entraram, é o trabalho deles, entendo-os, por isso, com a minha mulher e com a minha família, abrimos-lhes a porta e demos-lhes tudo o que precisavam. Levaram toda a história clínica e todos os registos das consultas que fiz e os nomes de todos os profissionais que participaram. Também levaram todo o tipo de dispositivos eletrónicos [discos rígidos, telefones e computadores). Fui totalmente surpreendido», contou.

O médico adianta que está totalmente disponível para colaborar com a justiça e garante que atuou sempre de forma a ajudar Maradona. «Quando o Diego faleceu, cheguei ao local já lá estava a polícia a trabalhar. Estive sempre à disposição deles. Não me pediram para prestar declarações, mas também não sabia que iam atuar desta forma. Não vou criticar estes procedimentos porque não os conheço. O que posso fazer é estar à disposição das autoridades. Sei o que fiz por Diego até ao último momento e tenho tudo para o demonstrar. Tenho a certeza que fiz o melhor por ele», avançou.

Os jornais têm feito várias criticas à atuação de Leopoldo Luque, mas o médico garante que está de consciência tranquila. «Não li as coisas que estão a dizer porque estou muito mal. Morreu o meu amigo, uma pessoa que acompanhei até ao último segundo. Estive no funeral e no velório e vi muitas pessoas que nunca tinha visto. Eu sou neurocirurgião, o Diego odiava os médicos, os psicólogos e toda a gente relacionada com a saúde. Comigo era diferente porque era genuíno. Eu não andava à procura de tirar uma fotografia, estava todo o tempo com ele. Tinha muitas doenças e problemas antes de conhecer-me. Precisava de ajuda e não havia forma de chegar a ele», explica ainda o médico.

Apesar de tudo, Luque diz que Maradona tinha uma personalidade difícil. «O Diego tem autonomia, não é louco. É uma pessoa que tinha poder de decisão. Não houve critério psiquiátrico, era muito difícil. O Diego expulsou-me várias vezes da sua casa, mas depois ligava-me. A nossa relação era como a de um pai com um filho rebelde. Até ia com ele ao dentista, se não estivesse ao lado dele, não tirava um dente. As estupidezes que estão a dizer só vão irritar o Diego porque ele sempre me quis a mim», prosseguiu.

Quanto ao facto de Maradona estar em casa em vez de ter ficado internado, depois da cirurgia para a remover um hematoma da cabeça, Leopoldo Luque diz que não conseguiu contrariar a vontade de Maradona. «Era um paciente de alta, tudo mais o que poderíamos conseguir tínhamos de ter a autorização dele. Podíamos tentar, como eu o fiz. Não podia interná-lo num manicómio. No estado em que estava, o paciente pode sair quando quer», contou.

Também foi critiado o facto de Maradona não ter tido uma ambulância e um desfibrilador em casa para um auxílio mais rápido. «Todos estivemos reunidos para ver o que era melhor para o Diego. A minha função era fazê-lo entender o que era preciso, isso era o mais difícil. Não se podia fazer nada sem a sua vontade, era impossível. Eu sou neurocirurgião, sou responsável pela minha cirurgia, com toda uma grande equipa. Cuidava do Diego em tudo o que podia. Depois havia mais profissionais a atuar, mas eu não era supervisor de uma suposta intervenção domiciliária. Houve reuniões, através do Zoom, com toda a equipa de profissionais nas quais falámos sobre as coisas que eram necessárias e a psiquiatra pediu uma ambulância. Não sei de quem era a responsabilidade. Não era eu que controlava isso. Eu amava-o, era como um pai para mim, era o meu paciente preferido. A história do desfibrilador é uma parvoíce», disse ainda.

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