Arqueólogos descobrem túmulo com tesouro "principesco" - TVI

Arqueólogos descobrem túmulo com tesouro "principesco"

  • JR
  • 20 dez 2019, 19:41

Localizada perto do sepulcro do "Guerreiro Grifo", a descoberta realça a importância de Pylos, na Grécia, enquanto "rota comercial durante a Idade do Bronze"

Um grupo de arqueólogos americanos da Universidade de Cincinnati descobriu, na última quarta-feira, dois túmulos “principescos” da Idade do Bronze, que continham joias de ouro e diversos artefactos, em Pylos, na Grécia.

Esta descoberta, de uma série de túmulos em forma de colmeia com mais de 3 500 anos, ajuda a compreender melhor a vida na Grécia Antiga, afirmou à CNN o representante do grupo de investigadores.

Ao longo de 18 meses, os arqueólogos encontraram objetos, como um anel de ouro com a gravação de dois touros rodeados por feixes de trigo ou um pendente de ouro com a representação de uma deusa egípcia que protege os mortos.

A gravação do anel é “uma interessante cena de criação de animais – gado misturado com a produção de trigo. É a fundação da agricultura”, afirmou Jack Davis, chefe do departamento de Clássicos da Universidade de Cincinnati.

Tanto quanto sabemos, é a única representação de trigo que encontramos na arte de Creta ou da civilização minoica”, sublinhou Davis. A equipa descobriu ainda vários “pedaços de ouro”, que estariam a cobrir as paredes, como sinal de riqueza e status.

Jack Davis e Sharon Stocker “esbarraram” nos túmulos por mero acaso, quando se encontravam a investigar a área em redor da campa do “Guerreiro Grifo”, que foi descoberta em 2015.

O “Guerreiro Grifo” foi batizado em referência ao Grifo, um animal mitológico, meio águia, meio leão. Nesse túmulo, foi encontrada uma placa de marfim com o simbolo do animal, juntamente com joelharia de ouro, armaduras e várias armas.

Já passaram mais de 50 anos desde que algum túmulo desta relevância foi descoberto num local palacial da Idade do Bronze. Isso torna tudo isto muito mais extraordinário”, insistiu Davis.

A descoberta, em conjunto com a presença de âmbar e ametista no interior do sepulcro, permite ter uma melhor noção da “importância da região” enquanto “rota comercial durante a Idade do Bronze”, explicou Stocker, que supervisionou o processo.

A escavação também não foi tarefa fácil. O facto de o túmulo ter colapsado debaixo de 40 000 pedras dificultou a tarefa, mas acabou por proteger os despojos de possíveis saqueadores, de acordo com um comunicado do Ministro da Cultura e dos Desportos grego.

A equipa usou técnicas como a fotogrametria e o mapeamento digital, para ajudar o processo de documentação e localização do túmulo.

Foi como viajar ao Período Micênico”, afirmou Stocker. O túmulo fica perto do Palácio de Nestor, um lendário rei grego, mencionado na Ilíada, de Homero.

Blegen tentou proseguir a exploração para a área onde estes túmulos foram descobertos, porém, o proprietário do terreno não lhe deu autorização para o fazer. Só em 2018, o ministro grego da Cultura e dos Desportos tornou o terreno disponível para escavações arqueológicas.

A equipa da Universidade de Cincinnati deverá continuar a explorar este terreno nos próximos dois anos.

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