Fotografia do assassino de embaixador russo vence World Press Photo - TVI

Fotografia do assassino de embaixador russo vence World Press Photo

O autor da imagem é Burhan Ozbilici, um fotógrafo da agência Associated Press

A fotografia que captou a fúria do assassino do embaixador russo Andrei Karlov em Ancara, em dezembro venceu o World Press Photo. O autor é o fotógrafo turco Burhan Ozbilici, da agência Associated Press.

A imagem foi captada logo depois do crime e mostra o atirador, Mevlüt Mert Altıntaş, vestido com fato e gravata, com a arma na mão direita e o braço esquerdo erguido num gesto de força. No seu rosto, transparece uma expressão de fúria e determinação. No chão está o corpo do embaixador.

Foto: Burhan Ozbilici/Associated Press

 

O crime ocorreu a 19 de dezembro do ano passado. Mevlüt Mert Altıntaş era um jovem polícia turco que terá agido contra os bombardeamentos na síria "Não se esqueçam de Alepo", terá gritado no local do crime.

Esta imagem faz parte de uma série intitulada "An Assassination in Turkey" ("Um assassinato na Turquia"), que também conquistou o prémio na categoria Spot News - Stories.

O presidente do júri, Stuart Franklin, comentou que a imagem captada por Ozbilici "é uma incrível fotografia de grande impacto noticioso".

Mas o responsável revelou que votou contra esta imagem, num artigo de opinião para o jornal The Guardian,

"Esta imagem de terror não deveria ser a fotografia do ano. Eu votei contra", escreve o presidente do concurso internacional.

O autor da imagem, Ozbilici, disse que os instintos profissionais o fizeram agir de imediato, perante a cena chocante que se desenrolou à sua frente naquele momento.

"Estava muito calor, como se eu tivesse água a ferver a escorrer-me pela cabeça abaixo, mas depois senti muito, muito frio. Foi perigoso", disse o fotógrafo premiado, numa entrevista.

"Ao mesmo tempo percebi que era uma grande história, que era História, porque se tratava de um incidente muito importante", acrescentou, comentando que fez o que aprendeu a fazer nos últimos 30 anos: "Fiz o meu trabalho, embora pudesse ter sido ferido, e até morto, pelo menos tinha feito um bom jornalismo".

A imagem vencedora foi escolhida entre 80.408 fotografias submetidas a competição por 5.034 fotógrafos de 125 países, e o júri premiou 45 fotógrafos de 25 países, em oito categorias.

"A imagem captada por Burhan Ozbilici foi o resultado da habilidade e da experiência, de se manter calmo no meio da pressão extrema, e de um sentido de missão que é a marca mundial dos fotógrafos da Associated Press [AP]", comentou Sally Buzbee, editora executiva da AP.

Entre outros vencedores estão Jonathan Bachman, dos Estados Unidos, fotógrafo da Thomson Reuters, na categoria "Contemporary Issues - Singles", com uma imagem da manifestante Ieshia Evans a ser presa em Baton Rouge, nos Estados Unidos, durante um protesto a 9 de julho, pela morte de Alton Sterling, um negro assassinado pela polícia.

Na imagem, a manifestante está de pé, usando um vestido esvoaçante, enquanto dois polícias fortemente armados a detêm.

O também fotógrafo da AP Vadim Ghirda, com base na Roménia, venceu o segundo prémio nesta mesma categoria com uma imagem de migrantes a atravessar um rio para tentar chegar à Macedónia, a partir da Grécia.

Outro fotógrafo, Felipe Dana, igualmente da AP, ficou em terceiro lugar na categoria "Spot News - Singles", pela imagem de uma explosão em Mosul, no Iraque.

Santi Palacios ficou em segundo lugar na categoria "General News - Singles" pela imagem de duas crianças nigerianas que relatam a morte da mãe, na Líbia, a bordo de um barco de resgate no Mar Mediterrâneo.

Na generalidade, os vencedores foram selecionados pelos assuntos noticiosos dominantes ao longo do ano passado, incluindo os conflitos na Síria e no Iraque, a crise dos refugiados, a morte de Fidel Castro, e os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, no Brasil.

Também surgiram imagens vencedoras na área ambiental, sobre os efeitos devastadores da ação humana na vida animal, nomeadamente um rinoceronte com o chifre cortado, e uma tartaruga a debater-se, presa numa rede de pescadores.

Em 2016, o fotojornalista Mário Cruz, da agência Lusa, ficou em primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos, com um ensaio sobre a escravatura de crianças, dos meninos Talibés, no Senegal.

A fotografia vencedora do prémio do ano do World Press, em 2016, era do fotógrafo australiano Warren Richardson e registava o momento em que dois refugiados passavam um bebé por uma vedação de arame farpado, na fronteira entre a Sérvia e a Hungria.

 

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