Numa declaração ao país, a partir da Place Beauvau, onde se situa a sede do Ministério do Interior, Bernard Cazeneuve sublinhou que «o país atravessa momentos de excecional gravidade».
De acordo com o governante, Saïd Kouachi, um dos suspeitos do ataque de quarta-feira ao «Charlie Hebdo», «foi formalmente reconhecido numa fotografia como o agressor». Bernard Cazeneuve confirmou que o bilhete de identidade de Saïd Kouachi foi encontrado no Citroën preto abandonado quarta-feira pelos atacantes. O governante confirmou que algumas testemunhas viram, esta quinta-feira de manhã, em Villers Cotterets, aqueles que julgavam ser os suspeitos.
O ministro francês do Interior reforçou que, até ao momento, não há indícios de ligação entre o ataque de quarta-feira e o desta quinta-feira de manhã, que resultou na morte de uma polícia e em ferimentos num outro agente.
Mas o ministro defendeu que os dois episódios que «atacaram a liberdade de imprensa e as forças policiais devem suscitar uma condenação geral e uma reação de extrema firmeza».
Bernard Cazeneuve condenou ainda a profanação de lugares de culto muçulmano, depois do ataque a várias mesquitas desde que o «Charles Hebdo» foi atacado.
«Não toleraremos nenhum ato, nenhuma ameaça contra um lugar de culto. Os autores desses atos deverão saber que serão procurados, travados e punidos», avisou.
De acordo com o governante, em todo o território francês estão mobilizados 88 mil efetivos das várias forças policiais - nomeadamente polícia, gendarmes (equivalentes à GNR em Portugal) e militares - na caça aos suspeitos.
O norte de França está no mais elevado nível de alerta. As autoridades emitiram um aviso de alerta para atentado na região de Picardie, que faz fronteira com a Bélgica, onde alegadamente se encontram os dois suspeitos do ataque de ataque «Charlie Hebdo». Em várias cidades dessa região, há forte dispositivo policial e as estradas estão encerradas.
O ministro do Interior francês também anunciou que vai organizar uma reunião com vários representantes de outros países europeus e dos Estados Unidos para debater estratégias antiterrorismo.
Já na sexta-feira será lançada uma campanha na imprensa francesa a apelar à angariação de fundos para a manutenção do «Charlie Hebdo», disse ainda Bernard Cazeneuve.