Turquia deportou um dos bombistas de Bruxelas em junho - TVI

Turquia deportou um dos bombistas de Bruxelas em junho

  • Élvio Carvalho
  • 23 mar 2016, 17:45

As autoridades belgas terão ignorado os avisos da Turquia sobre o facto de o homem ser jihadista do Estado Islâmico. O suspeito, Ibrahim El Bakraoui terá deixado uma nota no seu computador onde expressa medo de ser detido e acabar "numa cela"

Um dos bombistas de Bruxelas foi detido na localidade de Gaziantep, junto à fronteira turca com a Síria, e deportado da Turquia, em junho. A informação foi revelada esta quarta-feira pelo presidente turco Tayyip Erdogan. 

O homem, identificado como Ibrahim El Bakraoui, cidadão belga, foi deportado para a Holanda - a seu pedido (como cidadão da UE tem direito a escolher o país para onde quer ir) - com o conhecimento das autoridades belgas, que, segundo a presidência da Turquia, terão ignorado os avisos sobre o facto de o homem poder ser um jihadista do Estado Islâmico, segundo avançou a agência Reuters.

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Ibrahim terá sido libertado na Bélgica, por não terem sido encontradas "ligações a atividades terroristas". A Turquia confirma que este é um dos três homens que se fez explodir no aeroporto de Bruxelas.

"Apesar dos nossos avisos que esta pessoa era um terrorista, as autoridades belgas não conseguiram identificar uma ligação ao terrorismo", disse Erdogan numa conferência de imprensa em Ancara.

Entretanto, o jornal turco "Daily Sabat" divulgou uma fotografia do passaporte de Ibrahim, fornecida pelas autoridades da Turquia, tirada aquando da sua detenção e deportação do país.               

Passaporte de Ibrahim El Bakraoui (Reprodução/Daily Sabat)

Como escreve a AFP, o ministro da Justiça da Bélgica, Koen Geens, disse que estava ocorrente da deportação para a Holanda, mas rejeita as afirmações de Erdogan quanto aos avisos emitidos pela Turquia quanto a Ibrahim.

"Na altura ele não era procurado por terrorismo. [Foi detido] e ficou sob liberdade condicional. Quando ele foi enviado de volta, foi para a Holanda, não para a Bélgica. Isto é o que eu sei [pelo Departamento da Justiça]. Definitivamente não se tratou de uma extradição. Isto foi algo diferente. Foi um caso de alguém enviado a partir da fronteira com a Síria, alguém que na altura não era suspeito de terrorismo", disse Geens ao canal VRT.

A agência Reuters, que cita o procurador federal Frederic Van Leeuw, já tinha avançado anteriormente que Ibrahim e o seu irmão Khalid foram dois dos envolvidos nos ataques desta terça-feira. Khalid, 27 anos, foi o responsável pelo atentado na estação de metro de Maelbeek, que fez 20 mortos.

O procurador revelou que a polícia belga encontrou um ficheiro no computador de Ibrahim - descoberto nas buscas ao apartamento onde os suspeitos se encontravam antes dos atentados - que deixa claro que o terrorista não tinha intenções de passar o resto da vida na prisão. Ibrahim já quase tinha sido detido durante as buscas pelo suspeito dos atentados de Paris, Salah Abdeslam, e mostrava-se assustado.

"Sempre a fugir, sem saber o que fazer, sempre a ser procurado, em qualquer parte, nunca seguro. Se esperar muito mais [vou acabar] numa cela".

 

Entretanto, o jornal belga De Standaard, que cita uma fonte que preferiu permanecer anónima, identificou o segundo terrorista do aeroporto como sendo Najim Laachraoui, um belga que já era procurado por ligações aos atentados de Paris. 

Análises de ADN terão confirmado as suspeitas da polícia. Anteriormente tinha sido avançado que Laachraoui seria o homem ainda em fuga, o terceiro terrorista do aeroporto, o único que não se fez explodir.

Este terceiro homem, que vestia um casaco branco, continua por identificar e está a ser procurado pelas autoridades belgas.

Um duplo atentado sacudiu, esta terça-feira, a capital da Bélgica. Duas explosões no aeroporto de Bruxelas e uma na estação de metro de Maelbeek, em pleno bairro europeu, onde se situam os escritórios das principais instituições europeias. Os ataques foram levados a cabo por jihadistas do Estado Islâmico em hora de ponta, planeados para serem profundamente mortíferos. 32 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas, entre as quais 18 portugueses.

O aeroporto de Bruxelas vai permanecer encerrado, pelo menos, até sábado, 26 de março.

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