Sri Lanka: terrorista fez festa na cabeça de uma criança antes de se fazer explodir - TVI

Sri Lanka: terrorista fez festa na cabeça de uma criança antes de se fazer explodir

Dilip Fernando, de 66 anos, e a sua família sobreviveram porque a igreja onde iam celebrar a Páscoa estava lotada, mas ainda se cruzaram com quem acreditam ser o bombista. Outro homem escapou por duas vezes à morte: esteve em dois dos hotéis onde também houve explosões

Sobreviveram porque a igreja estava cheia e decidiram ir para outra celebrar a Páscoa. Dilip Fernando saiu da igreja de São Sebastião, no Negombo, no Sri Lanka, a 30 quilómetros da capital, Colombo, onde um bombista suicida se fez explodir pouco depois. Ainda se cruzaram com ele. Estranharam a mala pesada que trazia.

Da extensa família deste homem de 66 anos, sete pessoas prefiram ficar sentadas do lado de fora a ouvir a missa, em vez de irem com Fernando e outros elementos para outra igreja. Foram elas que repararam no indivíduo, “muito jovem e de ar inocente”, cerca de 30 anos, segundo descreveram a este homem, cujo testemunho é reportado pela AFP.

No final da missa, viram um jovem entrar na igreja com uma mala pesada. Ele tocou [fez uma festa] na cabeça da minha neta ao entrar. Era o bombista. Não [aparentava] estar excitado nem com medo. Estava tão calmo”.

Estranharam que chegasse já no final da missa. Assim que entrou, fez-se explodir.

Eles [familiares] ouviram e rapidamente fugiram, ficaram com tanto medo. Telefonaram-me imediatamente a perguntar se eu estava dentro da igreja, mas eu estava já noutra igreja”.

Todos, na família de Fernando, escaparam ilesos. Dão graças por isso, mas estão de coração destroçado pelo que aconteceu. “Tive muita sorte porque normalmente ia a essa igreja. Estamos aliviados, tivemos muita sorte, mas estamos muito tristes por toda a comunidade”.

Viu a morte passar-lhe ao lado em dois hotéis

Outro testemunho, este relatado pela Associated Press, é de Bhanuka Harischandra, que se atrasou para um compromisso no Shangri-La Hotel, um dos hotéis atacados no domingo. No caminho, percebeu que algo não estava bem. As pessoas estavam a dizer para não entrar que não era seguro. Mal o carro estacionou à frente do hotel, deu-se a explosão. Viu sangue e ambulâncias por toda a parte.

"Foi o pânico. As pessoas foram arrastadas, sem conseguir processar [o que estava acontecer] durante algum tempo", contou o empresário da área do marketing tecnológico, com 24 anos.

Havia sangue por toda parte".

Decidiu ir para o Cinnamon Grand Hotel, onde achou que estaria seguro. Mas também aí ouviu outra bomba explodir. As cinzas mancharam a sua camisa branca. Não esquecerá o dia em que, por duas vezes, escapou por pouco à morte.

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No total, oito bombas explodiram em igrejas e hotéis de luxo, matando pelo menos 290 pessoas e ferindo mais de 500. Um português está entre as vítimas mortais: Rui Lucas, 31 anos, de Viseu, que estava em lua de mel. A mulher sobreviveu.

Há mais de dez anos, desde que terminou a guerra civil, que o Sri Lanka não tinha registo de tanta violência, com consequências tão trágicas. Os tentados provocaram choque à escala mundial

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