Nuvem de fumo causada por incêndios na Austrália avistada no Chile e na Argentina - TVI

Nuvem de fumo causada por incêndios na Austrália avistada no Chile e na Argentina

  • Sofia Santana
  • 7 jan 2020, 11:27

Nuvem viajou mais de 12.000 quilómetros de distância, pela alta atmosfera, desde a Oceânia. Os ecologistas demonstram enorme preocupação com o futuro da vida selvagem na Austrália. A ilha de Kangaroo, chamada de "pequena Arca de Noé" devido à sua biodiversidade, tem sido profundamente afetada

Uma nuvem de fumo resultante dos incêndios na Austrália foi avistada no Chile e na Argentina, a mais de 12.000 quilómetros de distância. A devastação causada pelas chamas não tem precedentes nem paralelo na história do país. Há ecossistemas inteiros que desapareceram e os ecologistas mostram grande preocupação com o futuro da vida selvagem. A ilha de Kangaroo, chamada de "pequena Arca de Noé" devido à sua biodiversidade, tem sido profundamente afetada. 

Às primeiras horas de segunda-feira, no Chile e na Argentina, o céu surgia em tons avermelhados junto ao Sol. O fenómeno era nada mais do que o efeito de uma nuvem de fumo, que se originou devido aos incêndios que assolam a Austrália,. Esta nuvem de fumo viajou desde a Oceânia pela alta atmosfera.

Patricio Urra, do Serviço Meteorológico do Chile, explicou à agência AFP que a nuvem, a 6.000 metros de altura, não vai voltar à superfície e não representa qualquer perigo para os chilenos.

Já o Serviço Nacional de Meteorologia da Argentina (SMN) divulgou imagens de satélite que mostram a nuvem que é “transportado pelos sistemas frontais que se movem de oeste para leste”.

Os incêndios que lavram na Austrália já fizeram 25 mortos, destruíram centenas de habitações e dizimaram vastas comunidades de animais. Os ecologistas demonstram enorme preocupação com o futuro da vida selvagem no país.

Só na ilha de Kangaroo, as chamas já mataram milhares de coalas. Os incêndios nesta ilha, localizada no sul da Austrália, começaram com relâmpagos num parque natural. Desde então, as chamas já queimaram 155.000 hectares e afetaram zonas de grande biodiversidade.

A população de uma subespécie única de catatuas pretas está em grave perigo. Ao longo dos últimos anos, foram feitos esforços no sentido de conservar a espécie e aumentar o número de exemplares de 150 para 400, mas, agora, grande parte do seu habitat está destruído.

Perderam os seus lugares de poiso e as suas fontes de alimento. A sua sobrevivência vai depender de um esforço intenso de recuperação. (…) Estou um bocado desesperada. É uma espécie em grande perigo de extinção e cada exemplar é diferente. Como são tão poucas, cade ave que se perde é uma tragédia”, afirmou a ecologista e consultora ambiental Gabriel Crowley à edição australiana do jornal The Guardian.

A organização para a proteção da vida selvagem na ilha informou que oito terrenos privados onde se encontram várias espécies foram extensivamente queimados e que as câmaras usadas na monitorização dos animais derreteram.

As pessoas chamas a este lugar uma pequena Arca de Noé. Esta ilha é um refúgio. Este é o maior incêndio que vimos nos últimos tempos”, afirmou a ecologista Heidi Groffen.

A agricultura e o turismo na ilha também estão a ser gravemente afetados.

A tragédia dos incêndios na Austrália tem corrido o mundo e, nas redes sociais, multiplicam-se os apelos de ajuda aos operacionais no terreno e às populações em desespero. Várias celebridades doaram milhares de dólares para ajudar os bombeiros e outras instituições.

Os investigadores relacionam diretamente a dimensão dos fogos com as alterações climáticas. O climatologista Ricardo Trigo explicou no fim de semana, na TVI24, que as zonas afetadas pelas chamas registaram "a situação mais seca dos últimos 100 anos"

Os anos mais secos são sempre caracterizados por temperaturas mais elevadas e é isso que se está a passar, mas numa situação extrema na Austrália".

Miguel Miranda, presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), também afirmou na TVI24 que a situação na Austrália é pior do que a média no que diz respeito à mudança climática

Apesar do que diz a ciência e dos alertas dos especialistas, o governo australiano é dos mais negacionistas do mundo no que diz respeito às alterações do clima.

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