Desvendadas mortes misteriosas de dois homens numa pacata vila francesa - TVI

Desvendadas mortes misteriosas de dois homens numa pacata vila francesa

  • Paulo Delgado
  • 10 ago 2017, 11:45
Authon-du-Perche (França)

Lucien e Olivier morreram à mesa, no terraço de casa, quando jantavam calmamente. Sem sinais de violência, o mistério intrigou a localidade de Authon-du-Perche e toda a França

Na passada semana, a morte também chegou para o jantar, sem ter sido convidada e de uma assentada levou os amigos Lucien Perrot, de 69 ans, e Olivier Bourdin, de 38 anos. O fim súbito dos dois, aparentemente em simultâneo, intrigou, não só as pouco mais de mil pessoas da vila de Authon-du-Perche, no noroeste de França, como todo o país.

Não foi para menos, em boa verdade. O caso tinha todos os ingredientes com que se pode cozinhar um bom enigma de literatura policial. A começar pela amizade entre os dois, que era bem conhecida na vila, e a acabar nas iguarias do jantar: carnes grelhadas, queijos e uns feijões enlatados para acompanhar um repasto bem regado no terraço. Comme il faut...

Às seis da manhã do dia seguinte, uma vizinha de Lucien, conhecido na vila por "Pépère", intrigou-se ao vê-lo caído sobre a mesa com o prato a meio e o amigo Lucien espojado no chão.

De início, disse para mim mesma que deviam estar muito bêbedos e que continuavam a dormir. Mais tarde, quando vi que Lucien continuava na mesma posição, pensei que devia ter sido uma noite muito bem regada", contou a vizinha ao jornal local L’Echo Républicain.

Só mais tarde, sem que os amigos tivessem mexido um simples dedo, a senhora acabou por chamar pelo vizinho.

Gritei "Pépère". Olivier! Em vão. Só quando me aproximei percebi que eles não respiravam", contou ao jornal Le Parisien.

Chamem a polícia

Inevitavelmente, a polícia local tomou conta da ocorrência: um caso insólito e que intrigou tanto as mil e tal almas de Authon-du-Perche, quanto as autoridades.

Não havia sinais de violência, nem de assalto à residência, muito menos a hipótese de um suicídio combinado fazia qualquer sentido. A pista de uma grave intoxicação alimentar, de um caso de botulismo, foi então tida como uma forte possibilidade.

O resto dos feijões enlatados, do queijo camembert, da carne, do pão e do vinho que os dois amigos bebiam seguiram para análise no reconhecido Instituto Pasteur, em Paris. Resultado: negativo!

Uma semana de enigma

Durante praticamente uma semana, as dúvidas mantiveram-se e alimentaram cada vez mais o enigma das mortes dos amigos Lucien e Olivier. Finalmente, os resultados das autópsias conseguiram assimilar o que se terá passado.

Lucien, nos seus 69 anos, estava alcoolizado. Muito bem bebido. De tal forma que tentou engolir um bocado de carne com uns 44 gramas. Tendo falta de dentes, não mastigou devidamente o bife, engasgou-se e morreu sufocado.

Ao vê-lo assim, aflito, o amigo Olivier terá ficado assustado, em pânico. Apesar dos seus 38 anos, sofria de um problema congénito no coração e foi fulminado por um ataque cardíaco.

"Mortes estúpidas" é como a população de Authon-du-Perche considera agora o que se passou com os dois amigos, Lucien e Olivier, que eram como "pai e filho", segundo contou ao jornal Le Parisien, o dono do café local Au Bon Coin.

O procurador do Ministério Público da comarca de Chartres já pediu mais exames toxicológicos aos corpos, para despistar quaisquer outras hipóteses sobre as mortes. Mas para já, a explicação conseguida convence os vizinhos e conterrâneos, que falaram aos jornais franceses.

Não tinham inimigos e levavam vidas simples. Não eram certamente o tipo de pessoas que pudessem ser alvos da Mafia".

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